uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Mário Medeiros

Mário Medeiros

Cabeleireiro, 35 anos, Póvoa de Santa Iria
É mais difícil cortar o cabelo a homens ou a mulheres?São conceitos diferentes. A técnica do homem é mais difícil, com a mulher podemos ser mais criativos. A técnica de homem é mais complicada por causa do disfarce, do corte ser mais curto. Felizmente com o tempo os homens já têm uma mente mais aberta para fazermos outro tipo de trabalhos, sobretudo as gerações mais novas. O meu salão chama-se 3G por sermos a terceira geração de cabeleireiros na família: o meu avô, o meu pai e agora eu. Somos um cabeleireiro só para homens.Ainda dá para viver a cortar cabelo?Sim, estamos abertos neste espaço há cinco anos e o balanço tem sido positivo, apesar de todas as dificuldades. Infelizmente os dias não são fáceis porque há muita concorrência e nem sempre há cabeleireiros a cumprirem as regras. Falo dos cabeleireiros low cost. Muitos não pagam impostos nem têm preocupações com a higiene e segurança. Os homens são hoje mais vaidosos que as mulheres?Não são mais vaidosos que as mulheres, mas são mais vaidosos do que aquilo que eram há uns anos atrás. Os homens hoje em dia têm um maior cuidado com a imagem. Acho que isso é bom, valorizar a nossa imagem, desde que não seja em excesso. Em certas profissões valorizamos mais a imagem em vez da competência, e isso é errado.Já lhe pediram ajuda nas ruas?Cada vez mais, infelizmente. Há muita gente a pedir comida e dinheiro, sobretudo numa faixa etária mais idosa. Pessoas a dizer que a reforma não chega para todas as despesas. Infelizmente vê-se também muitas pessoas a remexer no lixo. São consequências das medidas que o governo tem tomado.Se fosse primeiro-ministro qual era a primeira coisa que mudava?Reduzia os impostos, ao contrário do que eles estão a fazer. Era preciso reduzir os impostos para estimular a economia. A carga fiscal hoje é muito grande e isso condiciona o investimento. Dou um exemplo: eu facilmente criaria aqui dois postos de trabalho, mas com uma carga fiscal destas é incomportável. As actuais medidas do governo fazem-nos trabalhar mais e, ao mesmo tempo, não conseguimos gerar mais emprego. Quer para nós quer para quem vem investir no nosso país.Se lhe dessem a chave de um Aston Martin o que fazia?Ficava com ele, se fosse um DBS ou DB9 melhor ainda (risos). A Aston é a minha marca preferida de carros de luxo. Nesse caso não o vendia, ficava com ele. Gosto muito de automóveis e de outras marcas, como a Ferrari. Mas também gosto muito do meu Opel Corsa (risos). A colocação de parquímetros na zona antiga da Póvoa é boa ideia?Não, sou totalmente contra. Os sucessivos políticos têm dado cabo da Póvoa velha. Era uma zona com muito comércio e a partir do momento em que fizeram a nova estação de comboios destruíram isso tudo. Não percebo como se tira pessoas de uma zona com tanto comércio, que é o que eles estão a fazer. Os autocarros passavam dentro da Póvoa, isso obrigava as pessoas a utilizar o comércio. Agora já não. Não consigo perceber como uma zona daquelas foi destruída. Os parquímetros vão provocar ainda mais destruição.Se visse alguém a ser assaltado na rua tentava travar o ladrão?Essa é sempre uma situação em que se reage por impulso. Mas nos dias de hoje não corria. Mais depressa agarrava no telefone e ligava à PSP, que está aqui ao lado. Hoje em dia não vale a pena correr esses riscos, podemos pôr em risco a nossa integridade física e a da pessoa que está a ser assaltada também.
Mário Medeiros

Mais Notícias

    A carregar...