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Jovem atropelada na passadeira em Santarém continua entre a vida e a morte

Jovem atropelada na passadeira em Santarém continua entre a vida e a morte

Estudante que reside na Fundação Luiza Andaluz foi a mais recente vítima de um conflito entre automóveis e peões que se está a tornar rotineiro na cidade. Nos últimos dois meses houve pelo menos quatro casos de atropelamentos em passadeiras em Santarém.

A jovem órfã de 17 anos que vive na Fundação Madre Andaluz continua hospitalizada em estado grave e com prognóstico reservado após ter sido atropelada ao fim da tarde de 21 de Janeiro numa passadeira da rua Pedro de Santarém, uma das mais movimentadas da cidade. O carro conduzido por um homem ainda jovem da zona de Coimbra apanhou-a em cheio e arrastou-a alguns metros pelo alcatrão. A aluna do 10º ano de Humanidades na Escola Secundária Ginestal Machado sofreu graves lesões cerebrais e fractura numa bacia, tendo sido transferida do Hospital de Santarém para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde se encontra em coma induzido.A desdita de Sirila mexeu com a cidade, até porque os atropelamentos em passadeiras - pelo menos quatro nos últimos dois meses - começam a ser recorrentes e este teve um desfecho trágico. “Rezemos por ela para que tenha força nesta luta pela vida e que o desenrolar da situação seja o melhor para ela”, lê-se no blog “Luzes no Caminho”, da Família Andaluz Jovem. A vítima está já há alguns anos ao cuidado da Fundação Luiza Andaluz, uma comunidade religiosa em Santarém que acolhe crianças e jovens do sexo feminino. Já a Escola Secundária Dr. Ginestal Machado/Agrupamento de Escolas, na sua página no Facebook, desejou à sua aluna “votos de rápidas melhoras”. Sirila foi a mais recente vítima de um conflito entre automóveis e peões que só nos últimos dois meses contou com quatro ocorrências em plena cidade que, em 2013, segundo dados da PSP, registou 22 casos de atropelamentos no meio urbano, 13 deles em passadeiras. Santarém é a urbe que tem o número mais elevado de casos entre as cidades do distrito policiadas pela PSP. Seguem-se Tomar com 13 atropelamentos no ano passado, Cartaxo com 9, Abrantes com 7 e Entroncamento, Ourém e Torres Novas com 4.As causas apontadas são diversas: distracção dos condutores, excesso de velocidade, má sinalização, deficiente iluminação e também descuido dos peões, que por vezes se atiram para a passadeira sem primeiro se certificarem que o automobilista os viu e vai parar. Uma explicação para os números de Santarém, segundo fonte da PSP, pode residir no facto de ser mais populosa e ter mais tráfego a circular do que outras cidades do distrito. Mas esse factor, só por si, não justifica tudo. E a distribuição das passadeiras também não é fácil de perceber. Há locais na cidade onde as passadeiras quase se encavalitam, como na rua do Mercado onde em cem metros há quatro, e noutras artérias nem uma existe, como nas ruas João Afonso e 1º de Dezembro ou na Avenida dos Combatentes. Noutros pontos, as passadeiras acumulam-se num curto raio em zonas de rotundas ou de cruzamentos, como é o caso do local onde se deu o último acidente.Não há soluções milagrosasO vereador com o pelouro do Trânsito, Luís Farinha, reconhece que o assunto merece reflexão e admite que haja algumas passadeiras a necessitar de pintura ou de reforço de iluminação, mas ressalvou que não é o caso da zona onde se deu o atropelamento da passada semana. O autarca diz que as passadeiras são habitualmente pintadas anualmente, no Verão, e embora esteja aberto a estudar outras soluções, como a colocação de as lombas no pavimento para moderar a velocidade, acredita que os acidentes só se previnem se houver mais cuidado por parte de automobilistas e peões.“O que seria desejável é que os automobilistas cumprissem os limites de velocidade, porque a 50 km/hora dificilmente acontece um acidente grave. Mesmo que haja um momento de distracção, o condutor trava e o carro imobiliza-se. E os peões também não se devem lançar para as passadeiras como por vezes o fazem. Uma passadeira não é um passeio e o peão deve denunciar a sua intenção e assegurar-se que o condutor o viu e vai parar antes de atravessar”, defende.“Algumas passadeiras são autênticas armadilhas para os peões”Elevar passadeiras com lombas e iluminá-las pode reduzir acidentes, defende Custódio ToméO director técnico e administrador das Escolas de Condução Tomé considera que a mensagem que se transmite aos peões de que a passadeira é um local seguro não é correcta. Custódio Tomé alerta para o facto de os peões serem o elo mais fraco nas estradas. “Os peões muitas vezes não têm a preocupação de olhar para o carro e ver se o condutor está atento. Temos que ter muita atenção quando vamos atravessar a estrada, mesmo que seja na passadeira”, aconselha.Custódio Tomé critica a forma como são implantadas algumas passadeiras, missão que é da responsabilidade dos técnicos das autarquias “que não existem”. O empresário culpa ainda as autarquias pelo facto de algumas passadeiras não estarem convenientemente iluminadas, o que pode levar a que os condutores não se apercebam delas. “Algumas passadeiras são autênticas armadilhas para os peões”, sublinha.O director técnico dá o exemplo das cidades europeias onde as passadeiras estão elevadas com lombas, que funcionam como factor de desaceleração do tráfego automóvel, e também estão bastante iluminadas. O que permite aos condutores aperceberem-se da sua aproximação. O instrutor de condução explica que as lombas largas e mais elevadas são as melhores porque colocam os peões ao nível visual dos condutores e não estragam os carros.Custódio Tomé afirma que os portugueses facilitam muito no trânsito e deixa um conselho e um alerta a todos os peões: “Nós, peões, não temos nenhum pára-choque e é fundamental que antes de iniciarem a travessia na passadeira se certifiquem da atenção e velocidade do condutor. O peão necessita de muita atenção para sua própria defesa e o problema é que nos falta algum bom senso”, conclui.
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