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Testamento lido no “Enterro do Galo” pôs mais uma vez muitas orelhas a arder

Testamento lido no “Enterro do Galo” pôs mais uma vez muitas orelhas a arder

A juventude tomou conta da tradição e pôs um diácono a ajudar o padre e o sacristão

No testamento do galo, lido na noite de Quarta-Feira de cinzas há muito riso e muitas orelhas a arder. O galináceo que se enterra todos os anos a seguir ao Carnaval simboliza a atenção que a má-língua da vila dedica à vida de toda a gente. Num longo texto em verso que os celebrantes vão lendo, por entre o choro galhofeiro da viúva e das carpideiras, está o que o galo cócóricou e registou. O sacristão lança água benta contrafeita sobre o público mas é como se deitasse gasolina no fogo da paródia. Este ano a novidade foi a inclusão de uma nova personagem, o diácono.

O Enterro do Galo na Chamusca juntou dezenas de pessoas na noite de Quarta-feira de Cinzas, dia 5 de Março, na sede do Grupo Dramático Musical na Chamusca. No cerimonial trapalhão, Luís Garrido fez de galo, o padre foi Carlos Condeço, o sacristão, Rui “Pesseguinha” e o papel de diácono foi entregue a Duarte Félix.Os “acontecimentos sociais” dos últimos doze meses foram contados quadra a quadra, com muito picante à mistura. Com as eleições autárquicas ainda frescas a classe política local foi bem zurzida. O recém-eleito presidente da câmara e os seus ajudantes e vereadores foram dos mais “penalizados”. O chefe de gabinete que é ao mesmo tempo presidente da assembleia municipal, foi um dos “bombos da festa”. Mas houve muitos mais com direito a quadras. O padre José Luís Borga, novo pároco da Chamusca, também foi bem chamuscado.No Carnaval ninguém leva a mal, é o lema. E quem não quiser andar nas bocas do mundo, nem figurar no testamento do galo é melhor que se porte bem, porque os olhos do povo vêem bem... e quando não vêem inventam!Aqui fica uma amostra do testamento do Galo, lido no seu ...lindo enterro. Os velhos do ResteloLá decidiram aparecerAgora não é precisoA tradição não vai morrerNa campanha eleitoralHouve uma enorme simpatiaAté começaram a irOnde antes ninguém os viaAcabou-se o mandatoMudaram os patrõesMorreu o centro de artesanatoAcabaram os leilõesFoi desta que o PSConseguiu ganhar o poleirotem tantos p’ra lá meterQue não sabe quem entra primeiroO chefe de gabineteAnda sempre muito atarefadoCorre os corredores da câmaraA ver quem chega atrasadoO novo presidenteQueria tudo no mercadoFoi sol de pouca duraJá se vende em todo o ladoPara pôr a câmara em ordemEssa casa de pouco dinheiroFoi preciso contratarA doutora do SemideiroChegou com tamanha vontadeÀ câmara municipalCom essas mini-saiasFalta pouco p’ra se ver o pardalA moda da mini-saiaÉ moda para ficarQualquer dia o presidenteComeça também a usarVinho e água péIsso sabes tu fazerMas foste parar à câmaraSem saber ler nem escrever.Deixaste o antigo trabalhoMas continuas a ser engenheiroSerá que foste para assessorSó por causa do poleiro?Dantes na câmara municipalQualquer um era encarregadoAgora só um é que mandaE o pessoal está sempre paradoContaram-me esta históriaAté me custa a crerNão é que o secretário do antigo presidenteNão tem nada para fazerJá nada é como ontemNem será como amanhãAté se pede na igrejaP’ra rezar pelo da GolegãOs tempos estão mudadosTudo muda num açoiteAté a missa do galoJá passou para as 11 da noiteAs beatas reuniram-sePor acharem ser demaisVeio o padre cantorQue não faz funeraisO padre anunciouQue não dava missa por causa da actuaçãoMas descansou os fieis“não estando o pastor….está o SacristãoLevavas gente a maisMeteste-te numa grande alhadaNão te valeu seres artistaLevaste uma multa danadaNas areias do AlgarveFizeste grande figurãoAs tuas mamas novasCausaram grande sensaçãoQuem anda à chuva molha-seJá assim diz o ditadoA tipa do CartaxoIa-te deixando entaladoTantas horas de discursoNessa noite de luarFaltou-lhe o engenho e a artePara a cachopa galarTens uma esperteza tamanhaQue deu grande confusãoAcabou-se o combustívelNão usas mais o cartãoO sonho de ser padreContinua uma ilusãoJá tens um pecado a pagarPor teres atropelado um cãoAté nem és mau rapazMas tens um feitio de cãoSó por te pedirem um cigarroArmaste logo uma confusãoO jantar do futebolFoi regado a rigorEra tamanha a bebedeiraNem sabiam quem era o condutorPor causa de um cano rotoAbriram um buracãoAgora tapam com terraNão era mais fácil usar alcatrãoO fado agora é chicÉ moda que veio para ficarMas para agradar aos doutoresCinco mil a câmara teve que pagarJá arrumaste doisJá se encaminha o terceiroQualquer dia mudas de profissãoÉs viúva a tempo inteiroE agora deixo um avisoPara quem nas portagens passarLá por a carrinha ser do clubeA auto-estrada tem que se pagarÓ sr. motoristaNão dê beijos às meninasElas são muito simpáticasMas também muito pequeninasQuando o sono apertaFicas sempre mal humoradoOu expulsas os clientesOu bates em qualquer lado!Já foste um forcadãoE continuas a beber vinhoSó porque o homem é maricasPartiste-lhe logo o focinho.O senhor advogadoÉ um homem de muita féMas escusava ter feito peixeiradaMesmo dentro do café!Tanto aparato e alaridoPor causa de um camiãoAfinal era só merdaQue estava a caminho do Relvão.O movimento era grandeAté houve polícia de intervençãoMas tudo isto para multarO presidente da junta por perseguição.Pistolas e metralhadorasPara os lados da LagarteiraSerá que o menino ricoVoltou a fazer asneira?A ascensão 2013Foi sempre a marcar passo,Mas nem se podia brigarPorque não havia espaço.A ascensão do ano passadoNão teve tiros nem facadasAndaram antes as raparigasA trocar umas chapadas.A menina da ginásticaParece um carapauMas trocou os cassetetesPor um bocado de bacalhauTrabalhar está mais fácilE ainda dizem que nãoÉ só pôr uma cunhaE entra-se logo no Relvão.A conduzir com a bebedeiraÉs um homem sem medoFoste contra o homem da roupaMas ficou tudo em segredo.Onde é que ias meu rapazNão é por aí o caminhoSeria cerveja a maisOu foi falta de vinho?Depois da noite de festaE bastante bem regadaPartiste o carro todoSó pa ires mandar a berlaitada.O grandioso candidatoÉ um bocadinho avantajadoE aparece em todas as festasMesmo sem ser convidado.Tavas sempre com a maniaQue a colectividade era tuaDesligaste a televisãoFoste logo posto na rua.A moda das bicicletasVeio para ficarQue andarão elas a fazerQuando eles vão pedalarUm namoro de muitos anosAcabou tão de repentePorque para ires à farmáciaEstavas sempre na fila da frente.Foste mandar um mergulhoMas disseste que te querias matarApanhaste água pelo joelhoComeçaste logo a gritar.Ai ai ai acudamQue eu agora quero morrerChegaram lá os bombeirosE a água nem a conseguiam ver.O facebook está na modaE elas as duas no emprego a apostarNão sabiam era que iam ser apanhadasE postas dali a andarAinda não se passouMas até me custa a crerMas afinal que terra é estaQue até um casamento gay vai ter* Texto completo do testamento lido no Enterro do Galo em www.omirante.pt
Testamento lido no “Enterro do Galo” pôs mais uma vez muitas orelhas a arder

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