Autarca de Santarém arrasa Governo do seu partido durante homenagem a Salgueiro Maia
Social-democrata Ricardo Gonçalves criticou encerramento de serviços públicos, disse que “é falacioso dizer que Portugal está melhor mas que os portugueses estão piores” e que “é perigoso governar para as expectativas dos mercados e não para os anseios dos portugueses”.
O presidente da Câmara Municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), criticou frontal e duramente o Governo do seu partido na manhã de quinta-feira, 3 de Abril, durante uma cerimónia evocativa do 22º aniversário do falecimento do capitão de Abril Fernando Salgueiro Maia, que decorreu junto à estátua evocativa do militar. “É falacioso dizer que Portugal está melhor mas que os portugueses estão piores. É perigoso governar para as expectativas dos mercados e não para os anseios dos portugueses. É impossível aceitar que o desígnio de um Estado-Nação seja passar o défice de 5% para 4%. Portugal e os portugueses merecem muito mais do que isto. Os últimos governos interiorizaram que reformar é encerrar, não percebendo que, com essa política do curto prazo, a longo prazo vamos ter um país a duas velocidades”, declarou no seu discurso. Sublinhando que “os herdeiros da revolução falharam”, o autarca, militante e dirigente concelhio do PSD referiu junto à estátua de Salgueiro Maia, perante cerca de uma centena de pessoas, que passados 40 anos sobre o 25 de Abril de 1974 Portugal não é o país com que os capitães de Abril sonharam. “Temos dois milhões e meio de pobres, quase um milhão de desempregados, um quarto da população em privação material e um permanente aumento de emigrantes. São dados reais que nos constrangem e confrangem e que vêm pôr em causa os objectivos do 25 de Abril de 74”, afirmou o autarca, acrescentando: “Portugal prosperou muito no pós-25 de Abril, mas também não podemos olvidar que muito do que foi sonhado não foi ainda concretizado”. E Ricardo Gonçalves reforçou, perante a numerosa plateia onde se encontrava a viúva do capitão de Abril, Natércia Maia, autarcas, militares, crianças da escola primária dos Leões e amigos e admiradores do homenageado: “O Portugal de hoje não é o sonhado por Salgueiro Maia e pelos capitães de Abril. Não deve certamente ter sido este o espírito que orientou os capitães de Abril quando arrojada e corajosamente assumiram que era preciso mudar o país”.Ricardo Gonçalves enalteceu a coragem, desprendimento e sentido patriótico de Salgueiro Maia, que comandou a coluna da Escola Prática de Cavalaria de Santarém decisiva nos acontecimentos de 25 de Abril de 1974 ao dar voz de prisão ao líder do regime ditatorial deposto. “Enquanto houver língua portuguesa o nome de Salgueiro Maia será sempre sinónimo de símbolo de liberdade”, disse.Na mesma linha pronunciou-se o coronel Correia Bernardo, camarada de armas de Salgueiro Maia e que ficou a comandar a Escola Prática de Cavalaria durante o golpe militar de há 40 anos. Recordou-o como um homem de cultura, que recusou honrarias, prebendas, promoções e lugares de destaque que lhe foram oferecidos, sublinhando que em 25 de Abril de 1974 Salgueiro Maia demonstrou uma coragem a toda a prova, estando sempre com os seus homens na primeira linha das operações.
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