Viatura médica de Santarém falha socorro em dois acidentes em que uma jovem acabou por morrer
Falta de médicos é o grande problema que contribui para que VMER do hospital tenha taxa de 10 por cento de inoperacionalidade
No dia em que ocorreram dois acidentes graves na área da Lezíria, em Alpiarça e Cartaxo, num dos quais morreu uma jovem de 28 anos, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital de Santarém estava inoperacional por falta de médico. Esta é uma das VMER do país com elevada taxa de inactividade como acontece com a de Évora que tem sido notícia nos últimos tempos por faltar a acidentes em que acabam por morrer pessoas. José Josué, administrador do Hospital de Santarém, entidade a quem cabe fornecer as tripulações (médico e enfermeiro) para a viatura do INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica, confirma que a taxa de inoperacionalidade anda na casa dos 10 por cento. O administrador do hospital reconhece que a maior dificuldade para manter a viatura disponível para os acidentes e doenças súbitas graves prende-se com os recursos humanos. José Josué realça que os profissionais que constituem as equipas da VMER têm de ter formação específica “e não abundam”. Mas revela que a situação pode melhorar em breve uma vez que há cinco médicos do hospital que estão em formação para virem a integrar as tripulações da viatura, esperando que alguns já possam começar a trabalhar no final deste mês. Os constrangimentos sentem-se mais ao nível do pessoal médico do que de enfermagem. José Josué refere que os clínicos são quadros do Hospital de Santarém e de outros hospitais e que prestam serviço na emergência médica para além do seu trabalho normal nas unidades hospitalares. “Têm que se conciliar horários dos serviços dentro do hospital com os da viatura e nem sempre se consegue”, refere o administrador, realçando que se não fosse necessária formação específica seria mais fácil fazer escalas e garantir elementos para a emergência médica. Para complicar a situação há legislação sobre as cargas horárias que os médicos do serviço público podem ter e o facto de o hospital não ter poderes para destacar clínicos para a emergência médica. Uma vez que a opção de fazer a formação do INEM e integrar a equipa da VMER é da exclusiva responsabilidade dos profissionais. José Josué realça que os médicos e enfermeiros são seres humanos e que em termos de carga de trabalho também “têm os seus limites”.No caso dos dois acidentes que ocorreram na quinta-feira, 10 de Abril, não foi possível accionar por estar noutra ocorrência a viatura do Hospital de Vila Franca de Xira, que tem uma taxa de inoperacionalidade média residual em comparação com a de Santarém. Naquele dia a VMER de Vila Franca foi chamada para mais de 10 ocorrências, informando o hospital que a taxa de inoperacionalidade média da viatura no primeiro trimestre deste ano foi de 1,4 por cento. Que se deveu a avarias do veículo e não à falta de elementos das equipas. Em um dos acidentes teve de ser enviado um helicópteroO primeiro acidente ocorreu em Vila Chã de Ourique, Cartaxo, quando por volta das 14h00 a jovem de 28 anos, Cláudia Sousa, que seguia de bicicleta, chocou com um reboque de tractor estacionado na berma da Rua D. Afonso Henriques. A vítima foi assistida no local pelos bombeiros e foi transportada em estado grave para o Hospital de Santarém onde acabou por morrer pouco tempo depois. A jovem, que residia perto do local do violento embate, terá perdido o controlo da bicicleta numa descida e ao tentar fazer a curva acabou por embater no obstáculo.Quanto ao segundo, cerca de uma hora depois, um técnico espanhol que estava a fazer a manutenção de uma máquina agrícola de colher ervilha num armazém da Zona Industrial de Alpiarça, caiu para uma passadeira metálica que estava em movimento e ficou com ferimentos graves nas pernas. Neste caso os Bombeiros Municipais de Alpiarça insistiram em pedir apoio médico e foi mobilizado para o local um helicóptero que transportou o ferido de 27 anos para o Hospital de S. José em Lisboa.
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