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“Santarém não mima os seus estudantes”

“Santarém não mima os seus estudantes”

Alexandre Ribeiro é presidente da Federação Académica de Santarém desde Novembro do ano passado e fala do que é ser estudante do ensino superior na cidade em vésperas de mais uma Semana Académica. Este ano a festa deixa o CNEMA e faz-se na praça de toiros Celestino Graça, entre 27 de Abril e 3 de Maio.

Quais são os principais desafios para o presidente da Federação Académica de Santarém?Arranjar uma equipa coesa. Se já numa escola é difícil reunir pessoas dispostas a trabalhar além dos estudos, numa federação, que engloba todas as escolas superiores, é muito mais difícil. Ainda por cima com a tradição que existe em Santarém de rivalidades entre escolas. Neste momento andamos a lutar para que não se avance com a intenção de aumentar as propinas. E ainda nos debatemos com o problema da redução de alunos todos os anos.Há muitos anos que se fala na criação de uma residência de estudantes no centro histórico, como forma de dinamizar a zona mais antiga da cidade. O que pensa disso?O centro histórico tem que ser dinamizado de outra forma. Só depois os estudantes poderiam ir para lá. Quando cheguei ao Politécnico de Santarém havia excesso de procura para as residências de estudantes mas agora isso não acontece, porque existe escassez de alunos. As residências actuais têm espaço para receber alunos e acho que não faz sentido haver mais uma no centro histórico. O centro histórico precisa de vida do comércio, com bares abertos durante a noite. Neste momento não há nada que puxe os estudantes para lá.O Politécnico de Santarém tem a sua estrutura bem montada?O Instituto Politécnico de Santarém foi mal pensado desde o início. Em Santarém temos quatro pólos sem necessidade nenhuma. Havia a possibilidade de estarem as escolas todas juntas, à excepção da Agrária que tem as suas necessidades próprias. Falamos muito nas escolas individualmente mas não falamos assim tanto no Instituto Politécnico de Santarém e isso faz com que cada escola reme para o seu lado. Os pólos deviam estar mais juntos e unidos.A Académica de Santarém quer que os estudantes sintam que este é o clube dos estudantes. Existe essa ligação dos estudantes ao clube?Infelizmente não existe, mas queremos reactivar essa ligação. Já falei com o senhor António Torres (presidente do clube) que tem uma visão muito boa para o clube e também para nós. Estamos a tentar que haja uma aproximação dos alunos ao clube.Como é que isso pode ser feito?Os alunos preocupam-se muito com os eventos culturais, desportivos e nocturnos. A Académica tem um espaço muito giro no centro da cidade que pode ser dinamizado com a nossa ajuda. Nós também temos eventos desportivos e podemos contar com o apoio da Académica. É uma ideia que queremos avançar.Quais são as maiores dificuldades que os estudantes se deparam quando chegam a Santarém?Sem os estudantes do ensino superior Santarém não seria o que é hoje. O problema é que Santarém não mima os seus estudantes, parece que nos vêem como bichos, que estragamos tudo. A população olha-nos um pouco de lado. Santarém é uma cidade fechada que fala mal da sua própria terra, que é linda, apesar dos escalabitanos não darem o valor à cidade onde vivem. Isso deixa-me triste.A maioria dos arrendamentos são feitos sem contrato, não se passa recibos. Isso não prejudica os estudantes?Infelizmente hoje em dia prevalece a lei do mais barato, mas a situação acaba por não ser prejudicial porque também é vantajoso para nós. A maioria dos negócios continua a ser feita assim.Há cada vez mais alunos a abandonar o ensino superior por falta de dinheiro?Sim, a maioria dos alunos do IPS não é de Santarém o que obriga a custos mais elevados. Os alunos acabam por desmotivar porque vêem que os pais não conseguem pagar-lhes todas as despesas e acabam por desistir. Todos os anos temos menos alunos no Instituto Politécnico de Santarém.Que projectos estão a desenvolver?Temos vários projectos em mente. No entanto, como entramos apenas há seis meses é complicado colocar tudo a funcionar de repente. De momento, o que nos ocupa mais tempo é o projecto Quarto Crescente, que se destina a alunos carenciados que podem optar por viver em casa de idosos e haver um apoio mútuo. Ainda está numa fase embrionária, mas queremos que comece a funcionar em pleno já no próximo ano lectivo.Mind da Gap, Mastiksoul, Tara Perdida e Kussondolola na Semana Académica A Semana Académica de Santarém vai realizar-se de 27 de Abril a 3 de Maio no recinto da Praça de Toiros Celestino Graça. Na tarde de domingo, 27 de Abril, a festa começa com a parte mais formal, com a Bênção das Pastas aos alunos que terminam este ano o curso. Na segunda-feira é noite de serenatas no Largo do Seminário e na noite seguinte actuam Jaimão, Strugglaz e a dupla Mete Ca Sets. Os Kussondolola e Tara Perdida sobem ao palco da SAS na quarta-feira, 30 de Abril. A noite termina com a actuação do DJ Tiago Bandeiras.No dia 1 de Maio é a vez da Noite de Tunas seguindo-se a actuação do DJ John Goulart. Mastiksoul, Stik Up & Wilson e DJ Gonçalo Henriques animam a festa na noite de sexta-feira, dia 2. Mind da Gap, D.A.M.A, Van Breda e Ninja Kore fecham o cartaz deste ano, no sábado, 3 de Maio.Um jovem de Vialonga finalista de Marketing e PublicidadeAlexandre Ribeiro tem 26 anos e é o novo presidente da Federação Académica de Santarém (FAS). Natural de Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, é estudante do terceiro ano do curso de Marketing e Publicidade, na Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém. Chegou a Santarém há cinco anos e foi também presidente da Associação de Estudantes da Escola de Gestão. Deixou essa associação com a intenção de concluir o último ano do curso mas não conseguiu dizer que não quando foi desafiado pelo anterior presidente da FAS, Emanuel Campos, para se candidatar ao cargo. Tomou posse em Novembro do ano passado.Considera o seu cargo desafiante mas também é precisa muita responsabilidade e disponibilidade. O mandato é de dois anos mas como é finalista Alexandre Ribeiro ainda não sabe se vai continuar no cargo até ao final do mandato. “Temos que dar lugar aos mais novos porque eles é que são o futuro da FAS”, referiu em entrevista a O MIRANTE que decorreu na sede da Associação de Estudantes da Escola de Gestão, no Complexo do Instituto Politécnico de Santarém.Cada vez é mais difícil arranjar patrocínios mas a Semana Académica não vai acabarCom a crise financeira instalada no país como conseguem angariar dinheiro para continuar a realizar a Semana Académica de Santarém?Só através da venda de pulseiras a alunos. É muito difícil arranjar patrocínios. Quando pedimos ajuda a uma instituição, se ela não tem retorno financeiro dificilmente vai continuar a dar dinheiro. Há dois anos era apenas a Federação Académica que organizava a Semana Académica. Este ano estamos a organizá-la em conjunto com as Associações de Estudantes porque sozinhos não conseguimos. Vamos ter que dividir por todos porque o investimento é avultado. Vão ser cerca de 40 mil euros. A Semana Académica de Santarém pode estar em causa nos próximos anos?A Semana Académica não vai acabar, pode é não ser organizada pelos estudantes. Este ano esteve em cima da mesa a hipótese de ceder a organização a uma entidade privada. Depois pensamos melhor e constatamos que esta é das poucas festas organizadas pelos estudantes. Por isso decidimos assumir o risco de continuar. No final fazemos contas. Se não houver dinheiro temos que ponderar em que moldes se vai continuar a realizar a Semana Académica de Santarém.A Semana Académica vai continuar a realizar-se no CNEMA?Não. Este ano vai ser no recinto da praça de toiros Celestino Graça. É o melhor espaço de Santarém, o mais emblemático e está a comemorar meio século de vida.O que vos levou a desistirem do CNEMA?É muito caro. Ainda falta pagar cerca de 1800 euros da festa que se realizou há dois anos. Uma semana académica lá custa cerca de 8800 euros, só para as despesas de água, luz e gás. O último ano no CNEMA correu muito mal.O que é que correu mal?Houve um investimento desenfreado no cartaz mas se não tivéssemos realizado a festa no CNEMA não teríamos gasto tanto dinheiro. Não compensou. Se correr bem é para continuar a realizar-se na praça de toiros, porque o investimento é muito menor.
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