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Terra

“Ao ouvir falar na matança de elefantes em África, a minha filha, então com onze anos, com a recém-adquirida lógica franca e clara dos jovens e totalmente incapaz de entender a irracionalidade assassina dos adultos, andava de um lado para o outro chorando e gritando, ‘Como podem fazer isso? Como?’ A seguir virou-se, apontou para mim e ralhou, ‘E tu ficas aí sentado!’Assim escreve Thom Hartmann no seu magnífico livro “As últimas horas da antiga luz do sol”, editado em Portugal pela Sinais de Fogo há mais de 10 anos. Mais uma vez se percebe que “as últimas horas” são de facto um problema de todos onde cada um tem um importante papel a desempenhar.Mais ou menos todos queremos manter “um estilo de vida”, nem por isso bom, e muito insustentável. Faz pensar. Cerca de 80% dos europeus vivem em grandes cidades, inseridos num modelo basicamente insustentável e onde se perdeu a noção de quase tudo o que nos rodeia. A água surge na torneira e escoa-se pelo ralo, os legumes e frutas já não têm sazonalidade, as frutas vêm de terras longínquas e as quintas ao nosso lado estão abandonadas, etc., etc.Como se chegou a este ponto?A história da ascensão e declínio das grandes civilizações da história da humanidade, assentes inicialmente no consumo de madeira, depois de carvão, tem sempre a mesma causa e conduz sempre ao mesmo resultado. Por que razão vai ser diferente com o petróleo? O que nos diz a história quanto ao que se pode fazer? Thom Harttmann pergunta: como podem as coisas parecer tão bem e estarem tão mal? Será que John Buchan (1875-1940) tem razão quando diz: “a civilização é uma conspiração. (...) A vida moderna é um convénio silencioso das pessoas confortáveis para manterem as aparências”?Temos muito para aprender e ainda mais para recordar. Os antigos sabiam qualquer coisa que nós parecemos ter esquecido. (Albert Einstein).Esquecemo-nos de como “viver de acordo com os nossos meios” e somos totalmente dependentes da “antiga luz do Sol” (energias não renováveis). A sustentabilidade local e comunitária é possível num modelo energético economicamente consistente, socialmente justo, e ambientalmente equilibrado.No dia 22 de abril celebrou-se o Dia da Terra, provavelmente uma das mais autênticas e verdadeiras efemérides de todas aquelas que todos os dias se assinalam. Há cerca de 40 anos, nos EUA, um grupo de cidadãos juntou-se no dia 22 de abril para reclamar a defesa da Terra.Assim nasceu o Dia da Terra. Se não servir para mais nada, fica um convite à reflexão: “o que posso eu fazer pela Terra, o nosso bem comum?”Carlos A. Cupetocupeto@uevora.pt Professor na Universidade de Évora

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