Meia centena de embarcações na Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem em Constância
Iniciativa serve para lembrar o tempo em que o transporte fluvial era essencial para a economia da região
Na segunda-feira, nas festividades em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Constância, participaram cerca de meia centena de embarcações de dezassete concelhos ribeirinhos. Como é habitual, os barcos enfeitados e tripulados por pessoas com trajes antigos, subiram um troço do Tejo e aportaram à margem esquerda do Zêzere, na zona de confluência dos dois rios. Segundo António Matias Coelho, historiador local e um dos organizadores da Festa, esta foi a maior representação de embarcações dos últimos anos. A presidente da Câmara de Constância, Júlia Amorim (CDU), que tinha na família um tio e um avô calafates (construtores de barcos) referiu que há duas décadas eram poucas as embarcações que participavam na recriação de um tempo em que as mercadorias eram transportadas entre Constância e Lisboa, por via fluvial. José Sirgado, 64 anos, da Linhaceira, concelho de Tomar, há mais de duas décadas que participa na Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem e este ano voltou a cumprir a tradição. Trajado a rigor, no seu barco e acompanhado por mais quatro embarcações da zona de Tomar, fez outro percurso. Desceu parte do rio Nabão até ao Zêzere que desceu até Constância. “O meu avô materno tinha dois barcos que transportavam mercadorias e que iam até ao cimo do Zêzere”, relembra. Ele e os amigos foram os únicos que cumpriram a tradição de almoçar nas mesas “plantadas” na areia na margem do rio Zêzere. No farnel, para além do vinho, traziam anchovas, chouriço, carne e outras iguarias que foram degustadas no areal, junto ao rio.À tarde, a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem desceu do altar da Igreja Matriz de Constância e, em procissão, foi transportada num andor até à beira dos rios que envolvem a vila para abençoar as embarcações, viaturas e pessoas. Em terra, na Praça Alexandre Herculano, foram benzidas as viaturas dos bombeiros, motas e carros de particulares que quiseram ter os seus veículos com a protecção divina. Arnaldo Caxias, 74 anos, de Constância, diz que todos os anos ali leva a sua viatura para que “o ano corra bem e os passageiros fiquem livres de perigos”. Após a bênção, todas a viaturas buzinam e a procissão continua pelas ruas estreitas e enfeitadas de Constância que levará a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem de volta ao altar na Igreja Matriz de onde só voltará a sair para o ano.
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