Figuras da tauromaquia dizem que políticos usam festa brava para se promoverem mas evitam defendê-la
Colóquio em Samora Correia, durante a Semana Taurina, juntou diversas personalidades da área que criticaram também alguns empresários e a qualidade de alguns espectáculos.
Para os aficionados taurinos os políticos usam a festa taurina para se promoverem e quando chega a altura de a defenderem “escondem a cabeça debaixo da areia”. Esta foi a opinião veículada pelos participantes do colóquio “A Força da Festa Brava” realizado na noite de 25 de Abril no Centro Cultural de Samora Correia. O antigo matador de touros Victor Mendes afirmou que há que ter muito cuidado com os políticos, enquanto que o ex-secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, fincou que a maior parte dos políticos não se querem ver comprometidos com a festa brava. “Os políticos escondem-se porque o lobby anti-taurino que se criou é muito complicado”, referiu o crítico taurino Maurício do Vale, outro dos presentes no colóquio.A conversa atraiu cerca de 50 pessoas ao auditório do Centro Cultural. Ao mesmo tempo desenrolava-se a 9ª edição da Semana Taurina em Samora Correia. Entre os temas abordados esteve a falta de coesão dos aficionados para se defenderem da promoção crescente dos movimentos anti-taurinos. “Nunca os aficionados sentiram necessidade de se defender nos últimos dez anos, mas hoje em dia temos que lutar pela nossas convicções”, disse Elísio Summavielle preocupado com os rumores de participação de elementos anti-taurinos na criação do novo regulamento para a festa brava. Já Victor Mendes criticou a utilização económica que alguns elementos da família taurina fazem do espectáculo. “Às vezes parece que vale tudo. Os pseudo-empresários querem apenas fazer dinheiro e não se preocupam com a qualidade. Existe um cinismo encoberto no meio disto tudo e por isso é que nós nos temos que organizar”, afirmou o vilafranquense.Segundo o cavaleiro tauromáquico Brito Paes, em Portugal não existe respeito pela festa. “Em Espanha respeitam-nos de outra maneira, é um ambiente diferente. Às vezes saímos de um hotel em Portugal vestidos como cavaleiros e perguntam-nos se vamos para o Carnaval”, lamentou o cavaleiro que tem explorado o negócio dos cavalos para se precaver de uma carreira tauromáquica cada vez menos viável. O também cavaleiro Duarte Pinto interveio para defender a qualidade da juventude e a seriedade das corridas consideradas menores. “Se não há emoção nas corridas e qualidade nos touros tem que ser o público a assobiar para que os empresários mudem de estratégia”, desafiou o cavaleiro.Maurício do Vale deu conta do carácter solidário da festa taurina e considerou que tem que se apostar cada vez mais na promoção turística das corridas portuguesas. “Temos que defender sem complexos a nossa aficcion”, reiterou o crítico tauromáquico. O colóquio foi moderado pelo samorense Sérgio Perilhão e teve ainda a participação de Marco Gomes, um professor secundário em Alter do Chão que tem incentivado os seus alunos a aderirem à cultura tauromáquica.
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