Mário Tropa quer publicar livro sobre aldeia do Castelo em Mação
Interesse sobre o lugar surgiu quando herdou a casa dos avós onde costumava passar férias
Para o professor/pintor, que é licenciado em Artes Plásticas, o ensino esteve sempre primeiro que a pintura. Diz que o seu trabalho artístico pode ser incluído na corrente do Realismo Fantástico.
O professor e pintor Mário Tropa quer publicar um livro sobre a aldeia do Castelo, no concelho de Mação à qual o ligam laços familiares. Na última década tem recolhido toda a informação possível sobre factos, hábitos e tradições. O artista, actualmente com 73 anos, diz que nunca viveu no Castelo mas na infância e adolescência os três meses das férias escolares do Verão eram sempre ali passados, na casa dos avós. A sua ligação à aldeia é tão forte que quando lhe perguntam de onde é, diz que é de Mação, apesar de ter nascido em Lisboa. O interesse relativamente a Castelo reavivou-se quando há alguns anos, herdou a casa onde viviam os seus avós, que recuperou, e lá descobriu um conjunto de documentos e informações que eram pertença de um tio. “Este tio era uma pessoa muito interessante, muito culta e que me marcou muito. Encontrei papéis com muitas referências interessantes”, refere Mário Tropa em conversa com O MIRANTE, em Mação, horas antes de uma conferência sobre “Revolução nas Artes no início do século XX”. “Descobri, por exemplo, que esse tio esteve na 1ª Grande Guerra Mundial e que com ele estiveram mais cerca de 7 companheiros da aldeia do Castelo e que um deles até recebeu uma Cruz de Guerra, condecoração que premiava actos de bravura.A própria casa, situada na rua dos Perdigais, tem associada uma história dentro da história da família. Era chamada a casa da professora porque foi ali que o avô criou uma escola para os filhos, dada a impossibilidade de estudarem noutro lado. Mário Tropa destaca a colaboração dos habitantes do Castelo neste seu trabalho de recolha de informação. “Alguns também me têm disponibilizado fotografias de família, de casamentos, baptizados e procissões. O grande desafio que tenho pela frente passa por organizar toda a informação e começar a escrever o livro que será um importante documento sociológico e cultural”, refere.Mário Tropa é licenciado em Artes Plásticas - Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Foi Bolseiro da Gulbenkian, leccionou em Santarém e na prestigiada Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha.”Fui sempre um professor que tinha um hobbie ligado à pintura e não um artista que era professor”, refere.Só na década de 80 se começou a dedicar com mais intensidade à pintura. Lembra que foi nessa altura que apareceram algumas galerias de arte, um pouco como reflexo do movimento do 25 de Abril, que veio abrir a cultura a um público maior. Sobre a influência imediata da revolução nas artes, diz que foi menor do que se possa pensar. “Logo após o 25 de Abril houve a ideia de que agora as pessoas já podiam apresentar os obras que estavam escondidas nas gavetas mas afinal não apareceram tantas quanto se esperava porque as pessoas já estavam adaptadas a passar a sua mensagem nas entrelinhas, já estavam habituadas ao método de ocultação e o público também estava habituado a ler nas entrelinhas”, refere Mário Tropa.O pintor gosta de incluir o seu trabalho artístico na corrente do realismo fantástico. “O que faço é, nessa figuração, vou deformando a realidade e vou ocultando”, explica. Mário Tropa foi o primeiro convidado da Câmara Municipal de Mação para a iniciativa “À Conversa com…”, onde proferiu uma palestra dedicada à “Revolução nas Artes no início do século XX”, que decorreu no auditório do Centro Cultural Elvino Pereira, em Mação, no dia 25 de Abril.
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