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“Prémios literários servem de contraponto ao lixo editorial”

“Prémios literários servem de contraponto ao lixo editorial”

Domingos Lobo venceu Prémio Alves Redol na categoria Conto com a obra “Largo da Mutamba”
O escritor ribatejano Domingos Lobo venceu o Prémio Alves Redol na categoria Conto. “Largo da Mutamba” é o nome do livro de contos com 120 páginas que será publicado pela Nova Vega Editora. “Largo da Mutamba” situa-se na principal zona de Luanda (capital de Angola) e todos os dez contos que integram o livro têm como cenário esse lago durante a época colonial. Este é um livro de que o autor gosta particularmente porque traz “atreladas” as suas memórias de África. Domingos Lobo esteve em Angola durante a guerra colonial e regressou a Portugal, onde trabalhou como jornalista correspondente de três jornais angolanos. Entretanto um jornal de Angola chamou-o para trabalhar e regressou àquele país africano, onde ficou alguns anos.Esta é a primeira vez que participa no Prémio Alves Redol. Decidiu fazê-lo depois de ter escrito sobre o escritor neo-realista em 2011, aquando do centenário do seu nascimento. Concorreu também porque tinha o livro de contos pronto e sabe que é difícil publicar contos em Portugal. Por isso decidiu arriscar. “É uma honra receber um prémio de tão ilustre patrono”, realçou. Na hora de receber a distinção, Domingos Lobo agradeceu à Câmara de Vila Franca de Xira por não desistir deste prémio apesar da crise instalada em Portugal.O vencedor da categoria Conto afirma que a literatura portuguesa atravessa um “período difícil e controverso, com a invasão da ‘sub-literatura’, que alguns apelidam, e bem, de lixo editorial, e outros como desperdício de papel”, refere. Domingos Lobo considera que os prémios literários servem de contraponto a esse lixo editorial entreabrindo as portas à possibilidade de publicação de livros “enxutos” e “dignos”. O também encenador diz que estes são projectos que arregimentam cada vez menos adeptos entre os “responsáveis editoriais” e os “poderes instalados”. Câmara de Vila Franca de Xira vai continuar a apostar na culturaO júri do Prémio Alves Redol foi composto pelos críticos literários Miguel Real e Manuel Frias Martins e o representante da Câmara de Vila Franca de Xira, Vítor Figueiredo (chefe de divisão da rede de bibliotecas do concelho). A concurso estiveram 305 originais, mais que em 2009 (107) e 2011 (284). Um motivo de regozijo para os organizadores do concurso. “Significa que o prémio tem prestígio”, refere Manuel Frias Martins que conduziu a cerimónia que se realizou ao final da tarde de quarta-feira, 23 de Abril, Dia Mundial do Livro. Para assinalar a data, o público que encheu o auditório da biblioteca municipal recebeu uma rosa. Depois de ler a crítica feita às obras premiadas, Frias Martins aconselhou todos a lerem “A Sereia Muçulmana” e “Largo da Mutamba” porque têm “qualidade”.O presidente do município, Alberto Mesquita, sublinhou o facto de também terem participado no concurso escritores de outras nacionalidades. Para o autarca, este prémio atrai muitos autores que pretendem ver o seu trabalho reconhecido. Mesquita garantiu que, apesar dos cortes financeiros, a Câmara de Vila Franca de Xira vai continuar a apoiar as áreas da Cultura, Educação e Associativismo. “Pode não haver dinheiro para muito mais coisas mas para estas três áreas tem que haver. É um esforço que vamos continuar a fazer porque um país que não aposta na cultura é um país ainda mais empobrecido”. Os vencedores do Prémio Alves Redol, que se realiza de dois em dois anos, recebem um prémio de 7.500 euros (romance) e 2.500 euros (conto).Mesquita terminou o seu discurso recordando que esta seria a última vez que o actual edifício da biblioteca municipal servia de palco à entrega do Prémio Alves Redol. A construção da nova biblioteca está em fase de conclusão e a inauguração está prevista para Setembro.
“Prémios literários servem de contraponto ao lixo editorial”

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