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10 km pelas margens do Nabão

10 km pelas margens do Nabão

A descontracção marcou a caminhada englobada no “II Trail Nabantino” que este ano se aliou às comemorações do Centenário do União de Tomar. O MIRANTE decidiu aceitar o desafio e meteu pernas a caminho. Valeu cada metro percorrido.

Ouviram-se gritos de alegria e aplausos quando, no meio da densa vegetação, a placa em tons acastanhados anunciava que faltam cinco quilómetros para o final da prova. Para trás já tinham ficado outros tantos. Alguém parou no local para tirar fotografias mas as silvas teimavam em incomodar. Ninguém sabia muito bem onde estava mas isso também não era o mais importante porque não havia pressa em chegar à meta, instalada no Quartel do Regimento de Infantaria XV, em Tomar, que abriu portas na manhã de domingo, 27 de Abril, para receber a prova. A descontracção, aliada ao bom tempo, marcou a caminhada englobada no “II Trail Nabantino” (ver caixa) que este ano se aliou às comemorações do Centenário do União de Tomar. O MIRANTE decidiu aceitar o desafio da organização e meteu pernas a caminho com o dorsal número 425 e máquina fotográfica a tiracolo. Com passagens pelo Carrascal e Casal Novo, foi a beleza do Açude de Pedra que mais paragens motivou. De resto, sem quedas nem acidentes pelo meio, serviu apenas para desfrutar.Antes das nove e meia, a voz de Paulo Saldanha, principal rosto da prova, apelava aos caminheiros que se equipassem e fossem levantar o dorsal para evitarem atrasos. Aos participantes era entregue um saco com uma t-shirt vermelha, alusiva à prova, mapa, creme protector e alfinetes para prender o dorsal. Meia hora antes, pelas nove da manhã, os atletas dos 25 quilómetros do trail já tinham começado a corrida. “A certa altura do percurso vão-se cruzar com eles e não se admirem se eles vos mandarem um grito para se desviarem do caminho ou disserem uma boca não liguem porque já vão um bocado nervosos”, avisou. Á frente dos 130 caminheiros havia um guia com um colete reflector mas todo o percurso foi, previamente, demarcado com fitas vermelhas e brancas para os mais apressados não se perderem. Ás 9h40 deu-se a partida ansiada. “Não se esqueçam de seguir o guia”, avisou Paulo Saldanha, antes da buzina soar. Um quilómetro depois do início metemos conversa com Júlia Ceríaco e Ermelinda Silva. São amigas e já estão habituadas a estas andanças. A elegância atesta-o. “Faço caminhada muitas vezes. Para além da vertente da saúde, dá para uma pessoa arejar a cabeça, libertamos as coisas más e venho pelo convívio salutar”, conta Júlia, professora que costuma caminhar duas a três vezes por semana na Mata dos Sete Montes. Já Ermelinda não gosta de caminhar sozinha mas participa em quase todas as caminhadas organizadas. Dez quilómetros não assustam quem já fez 36 mil metros nos Picos da Europa. “Queremos aproveitar ao máximo a paisagem e conversando com quem não vemos há muito tempo, sem hora de chegada”, atestam. Mais à frente, a bandeira “Corvo Astuto” dá nas vistas. É transportada por Manuel Nascimento, 53 anos, que veio de Abrantes. É o rosto de uma equipa de amigos de várias partes do distrito, que se juntou por brincadeira para caminhar. Apesar de estar na linha dianteira dos caminheiros, atesta que dali a algum tempo vai recuar para procurar o resto do grupo. Em 1994 recorda que se perdeu numa caminhada na Serra da Estrela. O lema é “ninguém fica para trás”. A caminhada desenrola-se quase sempre em terra batida. Há partes enlameadas junto ao rio Nabão onde é preciso algum cuidado para não escorregar pois o trilho fica perto da água. Encontram-se árvores caídas, subidas e descidas sinuosas e ramos dos quais se tem mesmo que desviar. A certa altura, alguém receia ter perdido as chaves do carro mas é apenas um susto. Quando alguém pára para atar os atacadores, há sempre outro que pára também. Uns metros à frente do guia, destacada, vai uma senhora que não quer dar entrevista. Não por falta de fôlego mas porque não gosta de se expor. Apesar de tudo, revela o segredo da boa forma. Trabalha numa sapataria em Tomar e sobe e desce muitas vezes as escadas para ir buscar sapatos ao primeiro andar. Abel Bento, presidente do União de Tomar também foi dos primeiros a cortar a meta. Todos os dias costuma fazer uma caminhada de cinco quilómetros pelo que não lhe custou fazer esta prova. Apesar dos últimos dois quilómetros terem sido “envenenados” pela organização que prendou os caminheiros com uma subida muito íngreme e calcária, que conseguiu tirar o fôlego à própria repórter, todos concordaram que neste domingo, valeu cada metro percorrido.Hélder Ferreira vence Trail de 25 quilómetrosO grande vencedor do “II Trail Nabantino” foi Hélder Ferreira (União FCI Tomar) que concluiu a prova em 01h42m11 segundos, seguindo-se Fernando Gomes (Clube Atletismo de Ferreira do Zêzere) e Marco Marques (União FCI Tomar). A prova teve uma distância aproximada de 25 km e iniciou-se às 09h00. Os atletas passaram por zonas naturais tais como o Açude de Pedra, Praias fluviais do Sobreirinho e da Pedreira, Grutas do Caldeirão, entre outros locais, cruzando-se, em determinado local do percurso, com os participantes da caminhada, realizada sem intuitos competitivos.
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