Cravos vermelhos, vivas a Salgueiro Maia e críticas à classe política no 25 de Abril em Santarém
Cerimónia decorreu junto à estátua de Salgueiro Maia e juntou centenas de pessoas. O Governo foi o bombo da festa.
“O estado a que o país chegou” voltou a merecer palavras críticas em Santarém 40 anos após a saída da coluna militar da Escola Prática de Cavalaria (EPC) comandada por Salgueiro Maia, unidade que foi o motor da revolução que depôs o regime ditatorial em 25 de Abril de 1974.As palavras mais duras foram proferidas pelo coronel Garcia Correia, militar de Abril que esteve por dentro da conspiração contra a ditadura, falou em representação da Associação 25 de Abril e disse que os que estão actualmente no poder assumem-se, pela sua actuação, como herdeiros dos vencidos do 25 de Abril de 1974, pelo que devem ser depostos pelas armas da democracia: o voto.Após ter ouvido os alunos da escola primária das Fontainhas interpretarem uma canção dedicada a Salgueiro Maia, o ex-militar da EPC afirmou que o país “está vendido em grande parte a pataco a estrangeiros”, que a emigração voltou a conhecer fluxos de outros tempos e que os portugueses “perderam a confiança no futuro”. Num tom bastante contundente, Garcia Correia disse que o medo do futuro tem-se propagado por vários sectores da sociedade e que se perdeu a confiança entre eleitos e eleitores.Reclamando compromissos nacionais duradouros em áreas como a educação e ciência, a segurança social ou a economia, o coronel referiu que “o Governo, com a cobertura do Presidente da República, protagoniza o estado a que isto chegou”, recuperando as palavras que Salgueiro Maia disse aos soldados na parada da EPC antes de partir para Lisboa.O representante da comissão para as comemorações populares do 25 de Abril, Jacinto Fernandes, e o representante da Associação dos Oficiais das Forças Armadas, Orlando Dias, tinham aberto a sequência de discursos com intervenções bastante críticas relativamente ao poder político, cabendo ao presidente da Câmara de Santarém fechar o ciclo com enfoque no apelo à participação cívica e na crítica aos políticos que dizem uma coisa e fazem outra e aos deputados, que não estão sujeitos a limitação de mandatos e se eternizam nos lugares.“Vivemos em democracia e para se alterar o estado a que isto chegou só votando em liberdade”, declarou Ricardo Gonçalves (PSD), acrescentando que “o estado a que isto chegou” não é responsabilidade da nossa democracia mas sim da falta de mobilização colectiva, dando o exemplo dos elevados níveis de abstenção nas eleições. “Mudar o estado a que isto chegou só depende de nós. É muito importante que as pessoas manifestem a sua opinião através do voto”, enfatizou.Na sessão foram ainda lidos, pelos respectivos autores, os textos vencedores do concurso sobre o 25 de Abril, destinado às escolas de 2º e 3º ciclo do concelho, escritos por Carlos Morgado (EB 2/3 de Alcanede) e de Miguel Alcobia (EB 2/3 Alexandre Herculano). Militares, bombeiros e a banda da Gançaria participaram também na cerimónia que decorreu junto à estátua de Salgueiro Maia e que juntou centenas de pessoas, terminando com vivas ao capitão de Abril, ao 25 de Abril e a Portugal.
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