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Para se singrar na festa brava é preciso desenvolver um amor doentio pelo toiro

Para se singrar na festa brava é preciso desenvolver um amor doentio pelo toiro

Mário Coelho regressou à Loja Nova onde sonhou ser toureiro

Tertúlia taurina juntou várias figuras do toureio na localidade, onde falaram sobre a importância de Vila Franca de Xira no mundo da tauromaquia. Matador diz que falta romantismo aos toureiros da actualidade e que estes devem desenvolver um amor doentio pela tauromaquia e pelo toiro, o “animal que lhes dá tudo, até dinheiro”.

O antigo matador de toiros Mário Coelho diz que a Loja Nova, pequena localidade no concelho de Vila Franca de Xira, foi bastante importante na sua carreira e que foi nos constantes passeios que fazia pelo mato aos 14 anos que sonhou ser toureiro e triunfar nas praças taurinas mais emblemáticas do mundo. “Quando era novo disseram-me que tinha que ter umas boas pernas para ser toureiro e então era costume passear pela zona da Loja Nova. Naquela época não havia rádio nem televisão, e a nossa mente estava liberta para os sonhos de ser toureiro”, afirmou Mário Coelho na tertúlia “Loja Nova e a Tauromaquia” que se realizou no dia 2 de Maio no polidesportivo do Grupo Desportivo e Cultural da Loja Nova.Para o maestro Mário Coelho uma das principais lacunas dos jovens matadores de touros é a falta de romantismo e espiritualidade que colocam na sua profissão. “Hoje em dia os toureiros optam pelo ginásio e não pelo campo mas esquecem que é no campo onde se imagina o triunfo, é o campo que nos puxa para as reflexões e onde atingimos a profundidade necessária para podermos vir a ter sucesso”. O matador disse ainda que os aprendizes não podem ter tudo de mão beijada e que têm que ter dureza no seu treino. Segundo ele, tem que se desenvolver um amor doentio pela tauromaquia e uma paixão pelo touro, que é o “animal que lhes dá tudo, até dinheiro”. Mário Coelho, agora com 78 anos, admitiu que passou pelos melhores ambientes e hotéis do mundo mas onde se sentiu mais feliz foi quando era proprietário de uma quinta na Loja Nova. “Passei aqui momentos que ainda hoje me recordo, foram os mais felizes da minha vida”, confessou. Foi na sua quinta que também ajudou a moldar vários miúdos que depois se tornaram figuras de toureio além fronteiras como Rui Bento, Pedrito de Portugal, Oscar San Romam ou Bernardo Valência . “Eu aprendi tudo sozinho na minha época e por isso sempre quis ajudar os jovens a um dia poderem tornar-se toureiros”, explicou.Contou ainda que, na altura, a fama da quinta cresceu rapidamente no mundo do toureio e houve um miúdo que chegou a vir clandestinamente do México só para se encontrar com o maestro. “Com tantos que havia na quinta, ao fim do mês representava uma grande despesa em termos de alimentação. Um dia disse à empregada para lhes fazer sopa para o jantar mas eles não a comiam”, relatou Mário em tom de brincadeira.A tertúlia, moderada pelo crítico taurino Maurício do Vale, contou com mais de cinquenta pessoas na plateia que intervieram para questionar os membros da mesa. O bandarilheiro Dário Venâncio referiu que foi na Loja Nova que conheceu vários nomes da tauromaquia e lembrou a paisagem que o inspirava para as corridas.O antigo novilheiro João Claudino também destacou a localidade vilafranquense no seu percurso taurino, pois foi ali que se apresentou ao maestro José Júlio para poder receber ensinamentos sobre a arte do toureio. O historiador David Fernandes acrescentou que a Loja Nova sempre esteve ligada ao mundo tauromáquico desde o século XIX devido aos tentaderos que se construíam na quinta e salientou que a povoação servia de refúgio a toureiros como José Falcão e Victor Mendes.
Para se singrar na festa brava é preciso desenvolver um amor doentio pelo toiro

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