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Irrevogável Manuel Serra d’Aire

Também eu tenho algo a dizer sobre a eleita do CDS na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira que ficou sentada quando todos os outros autarcas se levantaram para acompanhar a “Grândola, Vila Morena”, na sessão solene comemorativa do 25 de Abril. A situação deu origem a um tribunal plenário que prontamente condenou a mulher devido ao seu alegado desrespeito pelos ideais de Abril. Ora, querer pôr uma militante do CDS a cantar o “Grândola” de pé é o mesmo que me quererem ver a dar saltos de alegria quando o Benfica marca um golo.O acto da autarca centrista demonstra em toda a sua plenitude as vantagens da vivência em democracia e põe à vista outras curiosidades. Aquela atitude contracorrente prova que o CDS já não é aquele partido bafiento, cinzentão e papa-hóstias que muita gente pensa, mas sim uma agremiação política que, para além de gostar de submarinos, também tem militantes que sabem tomar medidas radicais e subversivas tão caras aos partidos de extrema esquerda. Só que em vez de gritarem palavras de ordem ou pintarem paredes, preferem ficar sentados. Cada um é para o que nasce!Além disso, mais vale ficar quedo e mudo quando se canta o “Grândola”, como fez Filomena Rodrigues, do que fazer as figuras que protagonizou Miguel Relvas há uns tempos, quando (embora também não se tenha levantado) tentou entoar essa canção de que não conhece a letra e muito menos o tom.Adiante! Foi comovente a onda de elogios que o ex-vereador da Câmara de Ourém José Alho recebeu na última sessão da assembleia municipal. Segundo rezam as crónicas, só faltou mesmo reclamar-se José Alho para o Panteão Nacional, apesar do ditoso político estar vivinho da silva e só ter mudado de domicílio profissional para a Câmara de Abrantes, onde agora é assessor da presidente. Sempre apreciei esta capacidade dos portugueses em exaltarem virtudes a título póstumo, neste caso quando o homem foi ganhar a vida para outro paradeiro. É por isso que acredito que ainda chegará o dia em que nos vão propor para o Prémio Nobel da Literatura ou, pelo menos, nomear-nos patronos de uns quaisquer jogos florais. Já diz o ditado: depois de mim virá quem de mim bom fará!Quem também continua na crista da onda é Francisco Cunha, o vereador da Câmara de Alpiarça que se diz independente mas que foi eleito numa lista da coligação PSD/MPT. E aqui abro um parêntesis para explicar aos leitores mais desatentos que o MPT é o Partido da Terra, que algumas almas mais crentes ou ingénuas acreditam existir - tal como os OVNIS ou a honra e bom nome de alguns políticos - mas de que não há provas evidentes. Pois bem, Francisco Cunha também quer ter tempo de antena no boletim municipal e no site da câmara na Internet. E eu acho muito bem. O pluralismo não faz mal a ninguém e a leitura excessiva do Avante!, mesmo que em versão autárquica, torna-se aborrecida e pode mesmo ter efeitos secundários perniciosos, como passarmos a acreditar em amanhãs que cantam (se cantarem como o Relvas mais vale ficarem calados) e nas virtudes da ditadura do proletariado. Além disso, o vereador Cunha já demonstrou pelas suas intervenções nas reuniões de câmara que pode perfeitamente assumir uma nova secção de humor no boletim municipal e assim abri-lo a novos públicos.E com esta brilhante argumentação me piro. Saudações proletárias do Serafim das Neves

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