
Vive numa barraca sem água nem luz às portas de Tomar
Habitação de Filipe Nunes, desempregado, ardeu há três anos. Sem meios para alugar um quarto, vive entregue à sua sorte, num terreno a poucos metros do Convento de Cristo.
Os olhos enchem-se de lágrimas enquanto revela o que lhe vai na alma. Aos 59 anos, Filipe das Neves Nunes nunca pensou viver nas condições miseráveis em que se encontra. Ninguém lhe parece querer valer. O homem vive numa barraca de chapa, sem água nem luz, no sítio de Cimo Vale Pereiro, a poucos metros do Convento de Cristo, monumento Património da Humanidade. Foi ali que, num pequeno terreno herdado dos pais, construiu uma barraca de chapa com as próprias mãos, depois da sua habitação ter ardido há três anos e meio. “Era uma casa maior, de platex, e tinha melhores condições que esta”, relata o tomarense que, depois do infortúnio, chegou a estar oito dias abrigado no quartel dos bombeiros municipais. Seguiu-se um ano e meio num quarto alugado mas deixou de poder pagar a renda desde que acabou o curso de formação profissional e viu o orçamento mensal reduzir.A barraca situa-se no meio da horta onde cultiva os alimentos que consome, entre favas e ervilhas, o mesmo espaço que lhe serve de casa-de-banho e onde faz as necessidades fisiológicas. Cobras e ratos são a companhia de quem usa um velho frigorífico como dispensa para que os alimentos não sejam roídos. Sem emprego fixo, Filipe Nunes vai fazendo os biscates que lhe aparecem, realçando que não tem medo de trabalhar. “Se me dessem os materiais eu próprio construiria a minha casa”, afiança. Vive com 178,15 euros de rendimento mínimo e lamenta que não haja trabalho como antigamente. Quando lhe ardeu a habitação, chegou a ir a uma reunião de câmara expor a sua situação. Do outro lado, o presidente que liderava a autarquia na altura, Carlos Carrão (PSD) referiu que iam estudar o seu caso. “Sinto que fiquei entregue à minha sorte. Pedia que me ajudassem, fosse com a atribuição de casa de renda social, fosse com materiais para poder erguer uma casa com outras condições”, apela.Filipe das Neves Nunes gostava de continuar a viver no terreno que era dos pais, mas noutras condições. Ao lado, começou a construir uma casa mas não tem materiais para continuar a obra. “Tudo era melhor que isto. Vivo aqui como um bicho do mato”, refere. Contactado por O MIRANTE, o vereador Hugo Cristóvão (PS), que tem o pelouro da Acção Social, refere ter conhecimento do caso deste tomarense acrescentando, no entanto, que não sabe se o mesmo se encontra sinalizado pelos serviços sociais da autarquia. O vereador vai averiguar a situação no sentido de saber como é que o mesmo pode vir a ser ajudado.

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