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Obra de fotógrafo do Sardoal continua a inspirar novas gerações

Obra de fotógrafo do Sardoal continua a inspirar novas gerações

Exposição “Álbum de Família”, da autoria de Nelson D’Aires, nasceu do contacto com o trabalho de António Gonçalves Pedro, já falecido, que ficou conhecido como “o fotógrafo de Mora”. Pode ser visitada no Sardoal até 28 de Julho.

“Memória” é a palavra que melhor assenta à exposição de fotografia “Álbum de Família”, que pode ser visitada no Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal, até 28 de Julho. A mostra fotográfica da autoria do vilacondense Nelson D’Aires visa homenagear António Gonçalves Pedro (AGP), natural de Cabeça das Mós, Sardoal, já falecido. Mais conhecido como o “fotógrafo de Mora” por ter sido nessa localidade alentejana que “uniu gerações e dedicou a sua vida à causa fotográfica”, AGP (nome que usou como fotógrafo) construiu ao longo de várias décadas um arquivo de mais de cem mil negativos, na sua maioria retratos. Nelson D’Aires conheceu pela primeira vez na inauguração da sua exposição familiares de António Gonçalves Pedro. Com grande entusiasmo e curiosidade, procurou dar resposta a perguntas sobre pessoas, objectos e histórias de família que as fotografias deixam no ar. Deolinda Gonçalves Mendes e Olga Santos, irmã e sobrinha de AGP, marcaram presença e mostraram-se emocionadas por ver o trabalho exposto na sua terra.Deolinda, 80 anos, contou histórias sobre o irmão e ouviu muitos elogios sobre o seu trabalho. “Se algum dia alguém lhe perguntar o porquê deste livro existir, ele existe porque o seu irmão fotografou e quis conhecer estas pessoas” disse Nelson D’Aires. Esta exposição e o livro de Nelson retratam a história de AGP entrelaçada nas memórias dos outros, vista agora através do olhar deste autor. Para Olga Santos esta exposição é motivo de orgulho: “é bom ver que o meu tio fez algo por Mora e pelas pessoas”.António Gonçalves Pedro nasceu em 1927 no concelho do Sardoal, mas viveu toda a sua vida activa em Mora, onde viria a falecer, aos 72 anos. Chegou a Mora com 16 anos, para trabalhar como marçano na drogaria de um conterrâneo, da qual se tornaria mais tarde proprietário. Interessado pela fotografia desde muito jovem, foi numa divisão da loja que instalou o seu “Studio Fotográfico”, a primeira instalação concebida de raiz para a fotografia no concelho de Mora. Ao longo de meio século, o “António da Loja” fotografou praticamente todos os habitantes do concelho. Foi atraído pela naturalidade, intimidade e mistério da história guardada nas fotografias de AGP, publicadas em 2003 no livro “António Gonçalves Pedro, Fotógrafo de Mora”, que Nelson D’Aires sentiu necessidade de desafiar a memória e encontrar as pessoas retratadas no livro. O fotógrafo foi em busca de histórias de vida em cada foto, não só naquela época mas também no presente. Ou seja, foi “um pretexto para saber como é que as pessoas vivem, se ainda estão vivas, para conhecer novas pessoas e se a realidade supera a memória”, explicou o autor.Quando questionado sobre porquê o Sardoal para mostrar o seu trabalho, o autor confidencia que esta exposição partiu de um convite da Câmara do Sardoal e que o próximo passo será procurar pessoas e histórias no concelho a partir do trabalho de AGP. O ponto de partida foi uma fotografia que lhe despertou interesse e sobre a qual ninguém sabe nada em Mora. “Até que alguém me disse que provavelmente é do Sardoal, porque o António ia lá muitas vezes fotografar. E se existe uma imagem, porque não pensar que poderão existir mais”.O livro em que Nelson D’Aires se baseou para esta exposição tem a chancela da Câmara de Mora e é o resultado de um trabalho rigoroso de Luís Vasconcelos que trabalhou na recuperação, observação e edição fotográfica de um arquivo com milhares de negativos que guarda mais de 50 anos da história de Mora em fotografias.
Obra de fotógrafo do Sardoal continua a inspirar novas gerações

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