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“Pai” do basquetebol de Vila Franca de Xira despediu-se da modalidade ao fim de três mil jogos

“Pai” do basquetebol de Vila Franca de Xira despediu-se da modalidade ao fim de três mil jogos

Fernando Silva, 62 anos, foi homenageado no dia 10 de Junho no União Desportiva Vilafranquense

Para trás ficam 45 anos como treinador e uma carreira de vitórias que o levou a clubes como Moscavide, Carnide, Casa Pia, Sporting, Benfica, Belenenses, Ateneu Cartaxense e Vilafranquense.

Três mil jogos depois, o treinador Fernando Silva, um dos nomes incontornáveis do basquetebol do concelho de Vila Franca de Xira, colocou um ponto final na carreira, na manhã de 10 de Junho, no pavilhão do União Desportiva Vilafranquense (UDV).Para trás ficam 45 anos como treinador e uma carreira de vitórias que o levou a clubes como Moscavide, Carnide, Casa Pia, Sporting, Benfica, Belenenses, Ateneu Cartaxense e UDV. Fernando Silva, 62 anos, natural de Lisboa mas a residir na Castanheira do Ribatejo, despediu-se da equipa de sub-14 na companhia dos netos e onde os dois filhos, Hugo e Rui Silva, são também rostos conhecidos da modalidade no UDV.Antes de se viciar no basquetebol, Fernando praticou atletismo, ténis de mesa e futebol. “Era um jogador banalíssimo, o meu filho e netos jogam muito mais do que aquilo que eu jogava”, confessa a O MIRANTE. Foi há 39 anos que Fernando, desgostoso com o facto de não existir basquetebol na cidade, decidiu criar uma equipa em Vila Franca de Xira e dar os primeiros passos, num ringue desportivo que existia no jardim Constantino Palha. Naquele tempo, recorda, o principal problema não era encontrar atletas mas sim condições para se poder jogar. “Sempre que chovia íamos jogar para dentro do Celeiro da Patriarcal, no meio das colunas”, recorda com um sorriso. A emoção da homenagem tolda-lhe as memórias e deixa-lhe no íntimo as centenas de histórias que só uma longa carreira pode encerrar. Nunca bateu nos árbitros e admite que nunca perdeu por causa de erros de arbitragem. Quando treina esquece-se que os jovens têm pais, por isso ignora os gritos que às vezes lhe chegavam da bancada. Um dos filhos nasceu quando Fernando estava a fazer um treino em Vila Franca. “Gosto mesmo muito de basquetebol e vou continuar a ver os jogos dos meus netos”, diz com orgulho.Na hora da despedida, feita com homenagem de actuais e antigos atletas, Fernando confessa que o dever “foi cumprido” e só lamenta que a modalidade tenha “regredido” nos últimos anos. “Enfrentamos uma crise, com a dispersão dos jovens para actividades que antes não havia; A oferta é muita, mais que não seja a de ficar sentado a carregar com os dedos em qualquer coisa. Não há desporto na rua, hoje leva-se os miúdos à escola e ao treino e antigamente não. Ninguém hoje manda um miúdo do alto da cidade atravessar a cidade para vir treinar”, lamenta.Fernando conseguiu levar as equipas por onde passou, por duas vezes, à primeira divisão nacional. Chegou às meias-finais da Taça de Portugal e ganhou as segundas e terceiras divisões nacionais em todos os escalões de formação e seniores. Despediu-se com mais um título, o de campeão distrital de sub-14. É um estratega e por isso prefere os escalões mais altos. “Infelizmente ser profissional de basquete não é modo de vida para ninguém neste país”, lamenta.Apesar do momento difícil, por causa da falta de atletas, o novo treinador dos sub-14 do UDV, Hugo Silva, filho de Fernando, diz que o grupo é forte, unido e empenhado. As vitórias têm aparecido e espera que isso possa ser um aliciante para captar outros jovens. No jogo 3000 de Fernando Silva a equipa da casa perdeu contra o Estoril Basket por 41-68, mas os adversários eram dois anos mais velhos que os atletas do UDV.
“Pai” do basquetebol de Vila Franca de Xira despediu-se da modalidade ao fim de três mil jogos

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