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Os truques das famílias numerosas para simplificarem o quotidiano

Os truques das famílias numerosas para simplificarem o quotidiano

Delegação de Santarém da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas promoveu o seu primeiro encontro no Parque do Bonito do Entroncamento. O tempo não ajudou mas a festa fez-se na mesma, porque crianças são sinónimo de felicidade e alegria. O MIRANTE foi saber que meios usam estes agregados familiares para gerirem o seu quotidiano numa sociedade que não está talhada para essa realidade.

A crise nunca funcionou como contraceptivo para Luísa e Luís Francisco, que têm oito filhos e vivem em Tomar. Ter uma família numerosa foi uma dádiva que receberam de coração aberto. Os filhos têm entre 8 e 22 anos, duas meninas e seis rapazes. No primeiro encontro de famílias numerosas que decorreu no Parque do Bonito, no Entroncamento, marcaram presença os gémeos Bernardo e Ana, António e Leonor. Em casa, a estudar, ficaram os mais velhos Pedro, Tiago, André e Miguel. Luísa Francisco, 51 anos, natural de Santarém, refere que apesar de não terem pensado ter uma família numerosa, ela e o marido sempre concordaram em acolher os filhos que fossem surgindo naturalmente. Há “truques” para contornar as dificuldades de quem tem que colocar dez pratos na mesa, pelo que lá em casa não é só a mãe de volta dos tachos porque ensinou os filhos a cozinhar. A roupa vai passando de uns para outros, não só por serem muitos mas também por uma questão de princípio. As tarefas domésticas são distribuídas por todos. A alteração mais significativa deste casal de professores foi terem sido obrigados a mudar de um apartamento para uma moradia. O carro é um monovolume de nove lugares.A disciplina, o sentido prático e o sentimento de entreajuda são algo comum às famílias numerosas com quem falámos. As regras são para cumprir. O facto de existirem filhos de diferentes idades leva estes pais a dispensarem a ajuda dos avós, dado que uns tomam conta dos outros. “Quem tem um ou dois é que precisa de os deixar nos avós, porque quem tem oito não os deixa em lado nenhum. A coisa fica mais facilitada para quem tem vários do que para quem tem um ou dois”, afirma Luís Francisco. “Cada filho traz um pão debaixo do braço”De Torres Novas para esse encontro, realizado no dia 22 de Junho, veio a família Lima. São seis filhos, entre os 12 anos e os 3 meses, um rapaz e cinco raparigas. José Pedro Lima, 40 anos, médico veterinário, trouxe consigo os filhos do meio. A filha mais velha ficou em casa a ajudar a mãe a tomar conta da mais nova. “Ter uma família numerosa é uma forma de estar na vida. Muitas vezes pergunto aos meus filhos se preferem ter um objecto ou mais irmãos e respondem sempre: mais irmãos!”, refere a O MIRANTE, enquanto os filhos assistem a uma peça de teatro. “Descomplicar” é o verbo essencial no seu quotidiano. “Ter uma família numerosa é simples. Quando se tem uma família numerosa os miúdos conseguem ocupar-se entre eles. Os pais até ficam livres de algumas tarefas que teriam que fazer se tivessem só um ou dois”, descreve. Todos têm que arrumar o seu quarto e cumprir à risca as tarefas domésticas. Ninguém anda à guerra por causa da televisão porque, normalmente, está desligada. A “ginástica” financeira é a normal. As roupas e os livros passam de uns para os outros, as roupas de grávidas são emprestadas por amigas. “Não pensamos muito na crise. Tenho conhecido mais pessoas arrependidas por não terem tido filhos do que por terem tido”, declara José Pedro Lima. O casal já vivia numa moradia mas teve que mudar de carro, para um monovolume de oito lugares, à medida que a família foi crescendo. O maior desafio é tentar individualizar a educação, porque cada filho é um ser único. “A minha mãe dizia que cada filho traz um pão debaixo do braço. Daqui a vinte anos estão todos criados”, resume. Organização e disciplina multiplicada por amor“São todos do mesmo casamento?”. Esta é a pergunta que fazem muitas vezes ao casal Lurdes e Jorge Gameiro, de São Pedro de Tomar. Têm quatro filhos, entre os dez e 18 anos. Ter uma família numerosa foi algo que não planearam. Depois de terem o primeiro, a professora e o militar foram à procura do segundo rebento. Vieram gémeos. O quarto filho surgiu sem estarem à espera e “ainda bem que veio”, sustentam. A crise não assusta este casal que vive sem grandes ambições. “Acima de tudo temos que nos organizar muito bem e os nossos filhos sempre foram habituados a ter só o que é essencial. Têm o mesmo que as outras crianças mas de forma regrada”, diz Lurdes. As roupas e os livros passam de uns para os outros e, nas festas e nos aniversários pedem aos avós que ao, invés de comprarem brinquedos, ofereçam roupas ou sapatos. Economizar água e luz é regra. Há disciplina na atribuição de tarefas domésticas e todos colaboram. A mais velha já cozinha e o mais novo já está a aprender. Ter mais filhos está fora dos planos deste casal mas apenas porque a saúde da mãe já não o permite. O maior desafio, assumem, é a educação dos filhos. A felicidade dos filhos é a ambição comum de todos estes pais que nunca olharam para a sua situação como um bicho de sete cabeças mas sim como um amor que se duplica, triplica ou quadruplica. Distrito de Santarém tem 243 famílias associadas na APFNSão 243 as famílias do distrito de Santarém que, actualmente, estão inscritas na Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) que tem sede em Lisboa. Esta associação sem fins lucrativos foi criada a 22 de Abril de 1999, a partir de um grupo de casais com três ou mais filhos que sentiu necessidade de apoiar as famílias numerosas. A 3 de Outubro de 2003, a associação alcançou o estatuto de “Associação de Família de Representatividade Genérica”, com receitas obtidas a partir das quotas dos associados e sem quaisquer apoios estatais. Os principais objectivos passam pela defesa dos interesses das famílias numerosas, designadamente em matéria fiscal, de habitação, saúde e educação, a defesa do princípio do rendimento “per capita”, a promoção de acções de solidariedade e apoio mútuo entre famílias numerosas. A obtenção de facilidades e descontos para os associados e o desenvolvimento de iniciativas de carácter sócio-cultural e a divulgação dos valores da família são outras das suas metas. Mais informações em http://www.apfn.com.pt.
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