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Bronzeado Manuel Serra d’Aire

Um perigoso burlão foi detido pela GNR de Coruche após ter ido apresentar uma queixa falsa pelo roubo do seu automóvel. O homem, já referenciado pelas autoridades devido ao seu espírito empreendedor que motivou queixas de norte a sul do país, já tinha inclusivamente forjado a sua própria morte há alguns anos com o objectivo de fugir à justiça. Mas pelos vistos não foi muito inteligente ao não descortinar que a GNR podia desconfiar de um queixoso dado como morto mas que estava vivinho da silva e ali à mão de semear. É que essa coisa de morrer e regressar à vida alguns dias depois é façanha que não está ao alcance de qualquer um, conforme é sobejamente conhecido.Na semana passada houve mais algumas manifestações de utentes junto aos hospitais públicos da região. Foi em Abrantes, em Tomar, em Santarém e em Torres Novas. Ao todo juntaram-se cerca de 200 pessoas para protestar, entre outras razões, contra uma famigerada portaria do Governo que dizem pôr em risco uma série de especialidades nesses hospitais. Não sei se os tais utentes/manifestantes já leram a portaria. Eu já me dei ao trabalho de a ler (embora aquele género de literatura não me entusiasme) e não encontrei lá referência ao fecho de qualquer especialidade das que actualmente existem nos hospitais ribatejanos. Tal como não há qualquer menção ao encerramento de maternidades, embora já tenha havido autarcas a protestar e a jurar que iriam lutar com todas as suas forças contra uma coisa que para já não existe.Como tu bem sabes, se há coisa de que gosto é de protestar, de reclamar, de chamar nomes aos árbitros, de desancar nos poderosos desta vida, que muitas vezes têm tanto de poder como de incompetência e mau carácter. Mas primeiro costumo certificar-me de que aquilo que me indigna ou preocupa tem substância e não é apenas um moinho de vento que tomou forma de monstro dentro da minha pobre caixa craniana. Independentemente disso, não deixo de admirar essa gente que troca uns bons momentos de convívio ou de lazer para ir para as portas dos hospitais “fazer barulho”. Há ali uma abnegação e um espírito de sacrifício que faltou aos jogadores da selecção nacional de futebol no mundial do Brasil. Acredito mesmo que muitos destes manifestantes/utentes da saúde passam mais tempo à porta dos hospitais em protesto do que já passaram lá dentro à espera de serem atendidos. O que é sinal que estão de boa saúde. Aliás, alguns deles são manifestantes polivalentes, que não faltam a uma boa jornada de luta por nada deste mundo. Veraneante Manel se há ideia feita que me irrita solenemente é a que nos anda a vender há séculos que o povo português é de brandos costumes. Um país onde se mata um irmão ou um vizinho à sacholada por um palmo de terra e onde as mulheres são chacinadas como tordos por companheiros ou ex-companheiros não é com toda a certeza de brandos costumes. Aliás, isto não é de agora. Basta ver que não deve haver outro país no mundo que tenha nascido pela iniciativa de um homem que batia na mãe. Embrenhado nestas profundas reflexões, despeço-me com um abraço do Serafim das Neves

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