Há pelo menos seis séculos que a história de Portugal se confunde com a emigração.Presentemente, todos sabemos que muitos qualificados portugueses, jovens ou não, igualam os nossos marinheiros e partem à procura de qualquer coisa melhor.Muitos deles, como o Luís, sabem que esta é a melhor terra do mundo, mas isso não chega; todas as moedas têm outras faces.O Luís é arquiteto, já não é jovem e deixou a mulher, filha, demais família e, já agora, os amigos nos quais tenho o privilégio de me incluir, nesta melhor terra que conhece, e partiu para o Canadá entusiasmado com o desafio: “aconteça o que acontecer ganho sempre”, disse-me o Luís. Este é o seu seguro de viagem.Há muitos meses, quando a preparação começou, não acreditei que esse dia pudesse chegar. Mas, agora sim, o Luís mostrou-me o verdadeiro espírito dos grandes navegadores lusos que partiram em busca de novos mundos e compreendo que a partida era incontornável. O Luís é um herói como eles, desde logo pela sua imensa coragem.Durante o tempo de preparação, de desafios e conquistas, o Luís escolheu o país e a região com mais interesse para o seu grande tema de estudo/trabalho- construção em madeira.Agora, lá, começa o verdadeiro desafio. Como os marinheiros o Luís irá mostrar as suas grandes qualidades pessoais e profissionais e fazer grandes conquistas. Mais uma vez, como tantas outras, a terra onde o Luís nasceu ficará com o nome engrandecido.Extraordinário é o Luís - partir completamente aberto à nova experiência, que ainda não sabe qual, sem planos, de mente e alma completamente abertos. Com muitas mais dúvidas do que certezas, mas isso não o assusta, a sua maior certeza é a atitude. Provavelmente, esta constitui a receita do sucesso de muitas gerações de emigrantes portugueses, quase sempre com grandes resultados.Um povo assim é sempre útil ao mundo e tem a sua sobrevivência assegurada, seja onde for. Neste caso, como na maioria dos emigrantes da nova vaga, o Luís além da alma lusa tem uma qualificada formação. Sem a necessidade de grandes estudos e análises, os efeitos negativos no país desta exportação qualificada de jovens e conhecimento são facilmente compreendidos. Contudo ainda nos falta saber quais os efeitos positivos desta nova realidade.Antes de partir o Luís já sabia, um dia, não sabe quando, voltará com mais saber.Que o Universo retribua ao Luís sempre bons troncos de excelente madeira.Cá vos esperamos, corajosos portugueses.Carlos A. Cupetocupeto@uevora.pt Professor na Universidade de Évora