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Libertino Manuel Serra d’Aire

O país está em polvorosa porque os portugueses não fazem bebés. Os políticos (com a honrosa excepção da ministra da Agricultura) não sabem o que fazer para inverter esta sina, antevendo e temendo um futuro onde não há contribuintes que forrem suficientemente os cofres do Estado para eles poderem brilhar com as suas obras mais ou menos faraónicas. Confesso que sempre que ouço falar do assunto, ocorre-me o refrão de uma canção do Pedro Abrunhosa que termina com um cru “talvez foder!” e que talvez seja essa a resposta adequada sobre o que os portugueses têm a fazer. É com essa simples e ancestral receita que se pode resolver tão intrincado problema. É que de tão f... que têm sido por sucessivas hordas de políticos, os nossos compatriotas parecem ter penhorado a libido e alugado a chineses a pulsão genética para a procriação. Eu compreendo que os casais em idade reprodutora sintam uma certa aversão a bebés, esses seres carecas, chorões, comilões e cagões que não são amigos do facebook nem do twitter e que só dão despesas e noites mal dormidas. Mas, caramba, também é bom que pensem que daqui a umas dezenas de anos é preciso haver por cá alguém para lhes levar a arrastadeira à cama, para lhes fazer um chazinho e torradas ou para os ajudar a atravessar a passadeira.A ameaça da baixa natalidade tem que ser combatida com doutrina mas também com medidas concretas, algumas delas bastante fáceis de implementar. Experimente-se desligar a televisão e a Internet à noite, diluir Viagra e Pau de Cabinda na água canalizada e veremos se os nascimentos não disparam. Se nas décadas de 70 e 80 a televisão era apontada como culpada pela redução do número dos nascimentos, agora, com a chegada das chamadas redes sociais a coisa piorou. Os facebooks e afins tornaram-se em locais de engate que substituíram as festas, os bailaricos ou as discotecas. Estão para as relações pessoais como as bonecas insufláveis estão para as relações sexuais. Não é a mesma coisa. Se queremos ter mais bebés tem que se perder menos tempo de volta dos teclados e procurar coisas melhores para ocupar as mãos (e não só!). Há que ressuscitar os tempos do namoro puro e duro em que cada centímetro de terreno conquistado perna acima era uma façanha festejada como se o Sporting tivesse ganho o campeonato; em que não havia camisinhas à venda nos supermercados e em que fazer amor com “control” não era uma coisa cool, como se diz agora.É por estas e por outras que me preocupa que a Escola Superior de Gestão de Santarém se tenha lembrado de criar uma pioneira licenciatura em Redes Sociais. Já paraste de rir? Então vou continuar. O mistério para mim é por que razão se cria um curso numa área em que meio mundo já é especialista, para não dizer doutorado. Não há cão nem gato hoje que não seja mestre em facebook e catedrático no twitter, que não domine os “gostos” e as “partilhas”, que não passe boa parte do seu dia (seja em trabalho ou em lazer) a exercitar e aumentar os seus conhecimentos nesse mundo e que não roube horas ao seu descanso para estar a par dessa realidade paralela. Enfim, daqui a três anos cá estaremos para ver para que raio vão servir os licenciados em Redes Sociais e que coisas vão eles fazer que já não se façam hoje.Um abração do Serafim das Neves

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