uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Produção de melão e melancia com tendência a acabar na região do Ribatejo

Actuais produtores dizem que jovens apostam noutras culturas e criticam invasão de produtos espanhóis que prejudicam negócio
Os produtores de melão que participaram em mais uma edição do Festival do Melão, que se realizou este fim-de-semana no Parque do Carril, temem que a continuidade do negócio da produção de melão e melancia no concelho de Alpiarça esteja em risco. Os actuais produtores destas culturas têm mais de 50 anos e são poucos os jovens que apostam nestas produções. Eusébio Branha, 68 anos, afirma que “antigamente” existiam cerca de um milhar de meloeiros no concelho de Alpiarça e que agora são apenas 20 ou 30 produtores. “Os jovens apostam em qualquer coisa mas têm que ver lucro e dinheiro e o melão e a melancia não dão muito lucro. Um hectare de melões não custa menos de sete mil euros. É complicado. Os jovens que andam na cultura do melão andam com os pais. Quando estiverem sozinhos não vão continuar com o negócio”, opina Eusébio Branha que se dedica às culturas do melão e da melancia desde criança, dando continuidade ao negócio do avô e do pai.Ana Maria João, 62 anos, ajuda o marido no negócio há 40 anos. Só produzem melão e melancia e dizem que o negócio não compensa. Apesar disso nunca pensaram mudar de cultura. “Houve um ano em que fizemos produção de courgetes mas era muito dispendioso. Toda a vida vendemos melão e melancia e é isto que gostamos de fazer”, explica a O MIRANTE. O problema, na sua opinião, são os “espanhóis” que “inundam” o mercado português muito mais cedo com as suas produções, a preços muito mais baixos, o que nos obriga a também baixar o preço”, refere.Os produtores de melão e melancia, que todos os dias vendem os seus produtos no Mercado do Parque do Carril, explicam que estão a vender os melões a 18 cêntimos e as melancias a sete cêntimos o quilo. A realização do Festival do Melão veio possibilitar um “ligeiro” aumento dos preços. “O que está mal é vendermos melancias a sete cêntimos e num hipermercado, a um quilómetro de distância, vendem-nas a 40 cêntimos. Devia haver uma regulamentação para que os produtores não fossem tão prejudicados”, critica.Rita Freitas Adriano, 62 anos, é de Fazendas de Almeirim e há cerca de cinco anos que vem vender melões e melancias para o Parque do Carril. Produtora de melancia e morangos há vários anos, decidiu este ano apostar na produção de meloa. Considera que a agricultura é muito ingrata e que a produção de melões depende de muitas coisas para compensar o dinheiro investido, nomeadamente o clima. As filhas ajudam-na quando podem mas não pretendem dar continuidade ao negócio. Também os filhos de Ana Maria têm profissões completamente diferentes da agricultura e o negócio da família vai morrer com ela e com o marido. As críticas de Rita Adriano também vão para os ‘vizinhos’ espanhóis que vêm “estragar” o negócio. “Fazem a produção mais cedo e enchem os nossos supermercados com os seus produtos, mesmo que sejam de menor qualidade. As grandes superfícies comerciais querem é comprar barato, por isso quando nós queremos vender já não temos outra hipótese a não ser sujeitar-nos aos preços que eles fazem porque não têm falta de produtos”, critica.

Mais Notícias

    A carregar...