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A Festa da Cabra onde há de tudo menos cabra

A Festa da Cabra onde há de tudo menos cabra

Regras sanitárias acabaram com a tradição de Entrevinhas no Sardoal

Noutros tempos ia um homem de propósito à aldeia para o abate das cabras, todas as famílias cozinhavam chanfana e no último dia dos festejos fazia-se a “dança da cabra” com a participação especial de um dos animais. A festa é de 8 a 10 de Agosto.

A Associação de Melhoramentos de Entrevinhas, no concelho do Sardoal, promove a sua tradicional Festa da Cabra de 8 a 10 de Agosto, mas da cabra só resta o nome. As regras sanitárias acabaram com a tradição de fazer chanfana, aquele prato da gastronomia tradicional feito de carne de cabra cozida em vinho tinto e os habitantes que costumavam ter uma, duas ou três cabras, dedicaram-se a tratar de outros animais. “As cabras desapareceram da aldeia”, conta Sérgio David, presidente da associação.Um outro motivo que levou ao desaparecimento da Cabra da Festa da Cabra foram as burocracias que envolvem a compra daqueles animais. A nova direcção da associação diz que não conseguiu comprar animais a tempo da festa. Uma coisa leva à outra. As famílias deixaram de confeccionar a chanfana e os mais jovens não apreciam aquela comida típica. Em vez de chanfana a festa passou a ter febras assadas e sopa da pedra na ementa. Mas o espírito de convívio mantém-se. Os jantares são servidos a partir das 20h00 e a animação nocturna começa pelas 22h30. Nos dias 8 e 10 a música fica a cargo de Carlos Catarino e no sábado do Duo Mário Jorge.“Na aldeia nunca houve rebanhos de cabras mas toda a gente tinha cabras. Quando chegavam os dias da festa vinha um matador e toda a gente levava um animal para abater. A carne era vendida a quem vinha de fora, tipo talho ambulante. Era um meio de se conseguir dinheiro porque vinha muita gente. O nome da festa surgiu porque no último dia alguém levava, por brincadeira, um animal e fazia-se a dança da cabra. Agora as pessoas daqui já só têm algumas ovelhas” conta Francisco Lopes de 68 anos, habitante da aldeia.Dinamismo não falta A nova direcção da Associação de Melhoramentos de Entrevinhas tomou posse no mês de Julho e pretende continuar com a dinâmica que a anterior direcção conseguiu criar. “Em três anos houve 33 actividades. São iniciativas importantes que atraem gente e permitem divulgar a nossa terra. As actividades desportivas como o cicloturismo ou actividades lúdicas como os churrascos permitem dar a conhecer os nossos Moinhos, a Lapa e as nossas paisagens”, disse Sérgio David, presidente da Associação. Uma das principais iniciativas anuais, para além da festa da cabra, é a realização do encontro de bicicletas antigas que junta netos e avós. A associação foi criada em 1982 com o intuito de melhorar as condições da terra e manter os laços entre as pessoas. A sede é no espaço da antiga escola primária, edifício cedido pela Câmara do Sardoal. Com cerca de 350 sócios, as quotas andam em dia e o orçamento é claramente positivo. A associação conseguiu criar um museu, inaugurado em Dezembro de 2013, e pretende construir um pavilhão que tenha condições para a realização da festa ou para receber as pessoas que vêm às actividades.
A Festa da Cabra onde há de tudo menos cabra

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