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“É uma pena o centro histórico de Santarém estar abandonado”

“É uma pena o centro histórico de Santarém estar abandonado”

Cineasta brasileiro Amauri Tangará regressou à cidade ribatejana para ministrar um curso intensivo de cinema que contou com 11 participantes.

“O centro histórico de Santarém está um pouco abandonado. Conheço Santarém há muitos anos e já vi a cidade melhor. Conheci o Teatro Rosa Damasceno quando ainda funcionava e agora vê-lo a cair dá pena. Deviam apostar mais na revitalização da cidade”. A opinião é de Amauri Tangará, cineasta e realizador brasileiro que esteve em Santarém, durante cinco dias, a orientar um curso intensivo de cinema intitulado “O Terceiro Olhar”, a convite do Círculo Cultural Scalabitano. Entre os dias 28 de Julho e 1 de Agosto os alunos inscritos tiveram a oportunidade de perceber como funciona toda a mecânica de produzir um filme, desde a concepção do guião até à estreia no cinema. A estreia do pequeno filme feito durante o curso foi apresentado na noite de sexta-feira, 1 de Agosto, no Teatro Taborda, em Santarém. Mais do que nervosos, os alunos estavam sobretudo expectantes para verem o resultado final de uma semana de trabalho intenso.Os 11 alunos do curso decidiram contar a história de quatro amigos que vivem uma série de aventuras, algumas assustadoras, quando decidem ir a uma festa no centro histórico de Santarém. Pelo caminho visitam alguns monumentos da cidade como a Torre das Cabaças. Diana Martins, 12 anos, é a mais nova do grupo. Diz com convicção que o seu sonho é ser actriz e vai lutar para isso, nem que tenha que ir para o estrangeiro. No filme feito para o curso, Diana interpretou uma menina traquina que vive numa casa que tem fama de ser assombrada e gosta de assustar quem por ali passa. Natural da Póvoa de Santarém, já fez teatro mas esta é a primeira experiência em cinema. Adorou o curso e gostou de perceber como funciona toda a parte de edição de um filme. “Fazer teatro e cinema é completamente diferente. Se fosse teatro estava nervosa na estreia e aqui estou calma porque já está tudo feito. Agora é só assistir ao que fizemos”, explica a jovem actriz.O irmão de Diana, Rafael Martins, 14 anos, também é um apaixonado por representação por isso inscreveu-se imediatamente quando o irmão de ambos lhes falou no curso. O workshop foi uma mais-valia e depois do curso Rafael ficou ainda com mais vontade de descobrir mais sobre o mundo da sétima arte e da representação. Paulo Paixão tem 57 anos, vive em Lisboa e está desempregado. Ligado há vários anos ao Cineclube, decidiu participar no curso por querer saber mais de cinema. “É sempre uma valorização, pessoal e profissional. Pode ser-nos útil no futuro”, referiu. Confessa que aprendeu muita coisa sobretudo ao nível da execução e do trabalho com as cameras. Paulo Paixão ficou responsável pela parte da fotografia e no primeiro dia tinha que fazer o clique da placa que indica o início da gravação de uma cena. Também teve que representar, o que foi uma estreia. “Quando tinha 20 anos tive a oportunidade de ser actor mas ‘fugi’ porque era tímido e o palco assustava-me. Agora não pude dizer que não e até gostei da experiência”, recorda, momentos antes da visualização do filme. O cineasta que é descendente de portuguesesAmauri Tangará, 61 anos, é natural do estado brasileiro do Paraná. É autor e director de longas-metragens. Actuou pela primeira vez no Teatro Taborda, em parceria com o Círculo Cultural Scalabitano, na peça de teatro “Cafundó - Onde o vento faz a curva”, em 1990. O primeiro filme que realizou, “Pobre é quem não tem jipe”, foi considerado um dos quatro melhores filmes da década de 90, pela Associação Brasileira de Cineclubistas. Produziu também “A oitava cor do arco-íris” que foi apresentado nos festivais de Los Angeles, Nova York, Mónaco, Islantilla e Brasil.Já realizou três oficinas de cinema nos Açores e uma em Palmela. Desta vez foi em Santarém. Amauri Tangará e a esposa, a produtora Tati Mendes, estão em Portugal até Outubro para a realização da longa-metragem “Nenhures”, em parceria com o grupo de teatro O Bando. Considera Portugal a sua segunda casa ou não fosse descendente de portugueses. Na sua opinião, os escalabitanos são pessoas simpáticas e acolhedoras.
“É uma pena o centro histórico de Santarém estar abandonado”

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