uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Ciclópico Manuel Serra d’Aire

Fiquei estarrecido ao saber que o meu último email causou muito má disposição pelo menos num (seria o único?) leitor, devido a um verbo que utilizei e que é repetido à exaustão pelos portugueses no dia-a-dia nas mais diversas situações. Um verbo, diga-se, que ilustra o acto de copular e que Pedro Abrunhosa, que citei, poderia ter utilizado no tal refrão a que recorri. “Talvez copular” talvez não ficasse tão bem na canção, mas eu escusava de ter perdido um (porventura o único) leitor, numa altura em que estes rareiam tal como os banqueiros honestos. Chiça (para não fizer porra) para isto!! Resta-me, nestas férias que se avizinham - e de que eu devia de abdicar como forma de auto-flagelação pelas asneiras ditas, escritas e cometidas -, penitenciar-me com um retiro espiritual em Fátima que me tire o Diabo do corpo, me ilumine esta mente perversa e me saneie esta língua abjecta e viperina. Quero regressar para nova campanha como um homem temente a Deus, respeitador do verbo mais delicado e zelador da moral e dos bons costumes. Mas não prometo que vá conseguir. Porque as tentações são mais que muitas e a carne é fraca (embora o peixe também não seja muito forte...).Não sei se já sabes que os Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos criaram um jornal para, segundo eles, terem mais uma fonte de financiamento da associação humanitária que, como é sabido, se tem debatido com graves dificuldades financeiras nos últimos anos. Que os bombeiros são pau para toda a obra já nós sabíamos. Mas que se arvorassem em jornalistas e entrassem no mundo da comunicação social não deixa de ser surpreendente. E que pensem em obter receitas dessa aventura, então, é que não lembra nem ao Diabo. A não ser que os brilhantes autores da ideia andassem algures por outra galáxia nos últimos anos e não se tenham dado conta da crise que vivem as empresas da área. Se há coisa que sempre apreciei no povo português, de que as corporações de bombeiros são fiéis representantes, é esta capacidade para se adaptar às mais diversas actividades. Ver câmaras e bombeiros a editar jornais, ver uma Santa Casa da Misericórdia a explorar os jogos de azar ou ver jornalistas apresentadores de comícios partidários, de picarias ou de espectáculos musicais são apenas simples manifestações da capacidade do português em ser sapateiro e ao mesmo tempo tocar rabecão (o ditado é um pouco anacrónico, pois os sapateiros quase não existem e dos rabecões, então, já nem se fala). O que me chateia no meio disto tudo é que o jornal dos bombeiros de Salvaterra de Magos passa a ter informação privilegiada acerca de catástrofes e acidentes que ocorram na sua zona e, para além disso, se a equipa de reportagem se deslocar numa ambulância ou num pronto-socorro até ao local vai chegar lá com uns bons minutos de avanço. E isso, como é óbvio, é concorrência desleal. Alguns amigos de Paulo Fonseca andam abespinhados por a insolvência do presidente da Câmara de Ourém ter sido objecto de notícia, considerando que um assunto que é do foro pessoal não devia ser misturado com as funções públicas que ocupa. Eu percebo a solidariedade e concordo inteiramente contigo quando lembras que Fonseca anda em contraciclo em relação a muitos outros políticos, que enriquecem rapidamente e sem se saber muito bem como. Aliás, se os poderosos Espírito Santo que eram donos disto tudo estão falidos, por que raio não pode o homem estar insolvente e em paz e sossego?Um abraço quebra-costas do Serafim das Neves

Mais Notícias

    A carregar...