O “Amor à Segunda Vista” de uma cantora chamada Sophia
Espectáculo na noite de 18 de Agosto no encerramento das Festas de Coruche
Escolheu o nome Sophia para iniciar uma segunda fase da sua carreira como cantora. Um recomeço que teve como ponto de partida o disco “Amor à Segunda Vista”. Tem uma voz “doce e cristalina” na opinião de um dos autores das canções deste primeiro trabalho. Uma das músicas passa na TVI na telenovela “Mulheres”. O tema em que aposta para chegar ao público, “Ouvir a Tua Voz”, tem um vídeo oficial filmado em Coruche, onde actualmente reside depois de anos a cantar um pouco por todo o país com o seu nome de baptismo. Vai ter a responsabilidade de mostrar a sua arte e soltar a sua voz na noite de 18 de Agosto, segunda-feira, no encerramento das Festas de Nossa Senhora do Castelo.
Uma das canções do primeiro CD da cantora Sophia faz parte da banda sonora da telenovela “Mulheres” da TVI. Chama-se “Ai Lisboa Senti Saudades de Ti” e é da autoria de Paulo Brissos. As outras canções são também de autores bem conhecidos. As sonoridades do trabalho, produzido por Tiago Machado, que tem o título “Amor à Segunda Vista” vão da Bossa Nova ao Tango, passando pelas Mornas e pela Música Popular Portuguesa. O vídeo do tema de apresentação do CD, “Ouvir a tua Voz”, foi filmado em Coruche onde a artista reside actualmente. AC Firmino, que muitos ainda conhecem como Boss AC, que escreveu o poema e ouviu Sophia cantá-lo, considera que a cantora terá “um futuro auspicioso” e fala de uma voz “doce e cristalina”. Quem quiser ter uma opinião própria sobre a cantora pode assistir ao espectáculo marcado para as 23h00 do dia 18 de Agosto, segunda-feira, no encerramento das Festas de Nossa Senhora do Castelo, em Coruche.A cantora é natural de Leiria mas vive há quatro anos em Coruche, para onde se mudou depois de casar. Apesar de ser um nome novo no panorama da música portuguesa, já leva uma carreira de quase vinte anos. O seu primeiro nome artístico era Sofia Gaspar e com ele lançou, em 2001, o álbum “Pensa Positivo”. Sofia Gaspar fez parte dos Mezzovoce, uma banda pop/rock, que percorreu os bares de todo o país. A cantora participou também em diversos concursos televisivos de talentos musicais, tendo chegado sempre às fases finais. Foi o querer mudar de estilo musical e cantar músicas com as quais se identificava mais, que a levou a adoptar o nome Sophia.Apesar da qualidade que lhe é reconhecida, o caminho para a visibilidade e o sucesso não tem sido fácil. “Não consigo furar os lobbies que existem. Este tem sido sempre o meu dilema. À excepção da Antena 1, não consigo que as rádios passem a minha música e sem ser conhecida é difícil atrair público para espectáculos porque em Portugal, de um modo geral, as pessoas só vão ver o que já conhecem”, afirma.Confessa que já teve algumas surpresas. No Dia dos Namorados (14 de Fevereiro) o Cinema São Jorge, em Lisboa, encheu para ouvi-la cantar e no final muitas pessoas lhe disseram que tinha sido bom arriscarem ir assistir a um espectáculo de uma quase desconhecida porque tinham adorado. Para os espectáculos que tem feito por todo o país conta com o apoio “fundamental” da Liberty Seguros. “Se não fossem eles não conseguia comportar toda a logística que um espectáculo musical envolve”, diz.Entre os poemas que canta no “Amor à Segunda Vista”, de autores como Alexandre O’Neill, David Mourão Ferreira, Eugénia Ávila Ramos e João Monge, destaca “O Primeiro Dia”, de Sérgio Godinho. Diz que os versos “Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida”, são uma espécie de lema pessoal. “Aquela canção deu-me sempre muita força, nomeadamente quando as portas se fechavam e os nãos se repetiam”. Sophia diz que quer marcar a diferença. Não quer ser parecida com alguém. “A diferença é que nos leva longe”, considera. “Quando apareceu a Natalie Imbruglia [cantora australiana], com um enorme sucesso, propuseram-me que fosse uma espécie de Natalie Imbruglia portuguesa. Tinha que cortar o cabelo, mudar-me para Lisboa e fazer tudo o que os produtores queriam. Não me sujeitei a isso. Não ia ser eu, ia ser um produto comercial e não é isso que quero”, reforça, acrescentando que nunca escolheu caminhos fáceis e sempre acreditou que ia alcançar o sucesso por mérito próprio. No entanto reconhece que se ainda não chegou mais longe na sua carreira foi porque “talvez” não tenha feito todos os sacrifícios necessários.Como a maioria dos cantores, também Sophia sonha com uma carreira internacional. Quando trabalhava com o nome artístico Sofia Gaspar chegou a actuar em Espanha e recorda a diferença que sentiu. “Uma vez actuei no Dia de Portugal, na FNAC de Madrid. Apesar de ser uma artista desconhecida, o auditório estava cheio. As pessoas vão ver os concertos mesmo sem conhecerem os artistas. Em Portugal só o fazem quando conhecem as músicas e o cantor”, diz. Num outro espectáculo, em Barcelona, reinou um silêncio respeitoso durante todo o concerto que a deixou assustada. “No final de cada música batiam poucas palmas e no resto do tempo estava toda a gente calada. Estava a ficar preocupada porque pensava que não estavam a gostar. Quando me despedi levei uma ovação surpreendente e pediram-me para cantar mais. É muito diferente e deixa qualquer artista com vontade de cantar lá fora”, conclui.“Depois da adolescência é que descobri a minha voz” Sophia confessa que só descobriu a sua vocação para cantora por volta dos 19 anos. Até essa altura tinha dúvidas sobre a qualidade da sua voz. Em criança ainda chegou a acompanhar a mãe no coro da igreja mas cedo desistiu por achar que a sua voz era muito alta. O seu sonho, recorda, era ser arquitecta. Uma vez, no Carnaval, mascarou-se de Teresa Salgueiro, a vocalista dos Madredeus, e por insistência de amigas arriscou cantar um dos temas mais conhecidos do grupo, ‘O Pastor’. “No final fui muito aplaudida o que me surpreendeu. Era muito inocente naquela altura mas fiquei com o bichinho dos aplausos. Gostei muito daquela sensação e foi a primeira vez que pensei que talvez tivesse jeito para cantar”, recorda.Inscreveu-se no Conservatório de Música de Coimbra, onde esteve três anos, tendo abandonado na sequência de um casting para bandas de bares em que foi escolhida para vocalista de um grupo pop/rock chamado Mezzovoce com o qual percorreu o país cantando em bares. Depois da saída do CD “Pensa Positivo” diz que chegou a fazer as primeiras partes dos concertos de músicos consagrados como Rui Veloso e Nuno Guerreiro (ex-Ala dos Namorados). Foi nessa altura que começou a pensar em fazer algo totalmente diferente do pop/rock.Sophia é alta, esguia e tem cabelos negros compridos. De sorriso fácil contagia com a sua simpatia e simplicidade. Tem 39 anos mas diz que continua a ser um pouco envergonhada. “A vergonha só desaparece quando subo ao palco e começo a cantar”, explica. A cantora considera que é possível viver da música em Portugal. Ela é o exemplo disso. Durante muitos anos viveu só da música. Actualmente, concilia a música com a gerência do bar Del Rio, junto ao Rio Sorraia, em Coruche, localidade para onde se mudou há quatro anos, por amor.“Viver em Coruche tem vantagens e desvantagens. A maior vantagem é a qualidade de vida. A desvantagem é estar distante de Lisboa. “Sei que devia ir a mais espectáculos, cruzar-me com os músicos. É na capital que tudo acontece e tenho feito um esforço maior para ir ver e ouvir outros músicos”. Quando chegou a Coruche deparou-se com uma cultura diferente da sua. Na vila fala-se muito em toiros e corridas de toiros, algo com o qual Sophia não cresceu. Respeita a tradição ribatejana mas nunca entrou numa praça de toiros. “Assisti uma vez a uma corrida à corda e mais nada. Do que mais gosto nas festas é do Cortejo Etnográfico”, explica.
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