Nos dias que correm há muitos doutores e poucos técnicos que saibam trabalhar. É urgente valorizar profissões que estão a desaparecer, como sejam a de cabeleireiro, mecânico, sapateiro ou agricultor. A opinião é de Paula Sousa Gomes, estilista de cabelos e empresária responsável pela Bestlook, no Carregado e em Vila Franca de Xira.“O facto de alguém ir para cabeleireiro não quer dizer que tenha estudado pouco. O nosso curso já equivale a uma licenciatura. É de 3 anos e é necessária uma actualização permanente porque estamos a falar de moda e de estilo. Hoje em dia há muitos doutores e poucos técnicos. Se eu quiser contratar uma boa cabeleireira ou manicure é muito difícil. Temos de valorizar essas profissões. Queremos um bom sapateiro ou um bom canalizador e não há”, lamenta.Paula Sousa Gomes é natural de Azambuja e apaixonou-se pela arte dos cabelos quando tinha 14 anos. A mãe não queria que seguisse a profissão por isso teve de aguardar até ser maior de idade para poder decidir que rumo queria dar à sua vida. Aprendeu a dar os primeiros passos num salão de Vila Franca de Xira. No seu primeiro dia lavou cabelos. “Tive a sorte de ter um mentor muito bom, gostava de mim e eu fazia muitas perguntas, ele puxava muito por mim, ao fim de 6 meses já estava a trabalhar na cadeira”, recorda.Quando tinha pouco mais de 20 anos abriu, com uma amiga, um salão no Carregado que foi um sucesso. “Tínhamos uma forma diferente de trabalhar, crescemos imenso. Ainda tenho clientes desse tempo”, recorda. Ao fim de uns anos o duo separou-se e Paula seguiu o seu caminho. Abriu outro espaço e hoje em dia comanda a Bestlook, um dos salões mais consagrados da região, presente no Carregado e no hospital de Vila Franca de Xira. Diz que nasceu para ser “Estilista de Cabelos”, como gosta de referir, e não se vê a fazer outra coisa. Também dá formação e confessa que muitas vezes é também psicóloga e tem que dar muita atenção aos outros. Saber escutar e perceber o que pretendem. “Fazemos aqui com o cliente a parte da psicologia, o acompanhamento e cria-se uma relação de cumplicidade. O cabelo é a moldura do rosto”, explica. Segundo a empresária a crise tem mudado os hábitos dos clientes, mas o importante é dar prioridade à qualidade tentando manter os preços acessíveis.Quando era jovem sonhava ser hospedeira devido ao gosto por viajar. Hoje em dia não se vê a fazer outra coisa na vida. Em Setembro pretende abrir um novo espaço, com um novo conceito, no Carregado. “Actualmente há muitos espaços abertos, o que é bom, mas poucos são profissionais. O que faz com que a cliente não obtenha um bom resultado e acabe por ficar fidelizada ao nosso espaço. Se eu estrago a minha matéria-prima hoje, amanhã não trabalho, essa é a minha filosofia. E é aí que pecam muitos profissionais, só pensam no que ganham hoje, não pensam no dia de amanhã”, nota.Paula Gomes diz que actualmente os cabeleireiros são empresas que necessitam de uma gestão cuidada. Confessa que não consegue ficar parada e não se vê sem dar formação. Explica que a imagem hoje em dia é fundamental e abre bastantes portas.