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Cem Rumos abre caminhos em Vale das Mós

Cem Rumos abre caminhos em Vale das Mós

Depois das actividades para crianças durante o ano lectivo surgiram este ano as “Férias de Verão”

A Associação Juvenil Cem Rumos foi criada no Vale das Mós, concelho de Abrantes, há 12 anos. Ao leme está um grupo de jovens que tem procurado dar resposta às dificuldades que os pais sentem por não existir um local onde os seus filhos possam desenvolver actividades adequadas às suas idades. Numa altura em que as associações têm dificuldades em atrair os mais novos, a Cem Rumos apresenta resultados positivos a esse nível. “O nosso objectivo era promover o desporto, a cultura, o lazer e o ambiente. Mas quando há cerca de seis anos o ATL (Atelier de Tempos Livres) fechou, deixando a terra sem nada direccionado para as crianças, sentimos que podíamos dar resposta”, refere Ricardo Dias, presidente da associação.A Cem Rumos criou então um projecto de ateliers que decorre durante todo o ano lectivo. Este Verão, pela primeira vez, está a acompanhar os mais novos com o programa “Férias de Verão”. A iniciativa surgiu a pedido dos pais e encontra-se a decorrer até ao dia 5 de Setembro. “Foi uma aposta em grande que está a correr muito bem. Realizamos actividades sociais e educacionais, vamos à piscina, cuidamos de uma pequena horta, convivemos com os mais idosos e conhecemos um bocadinho mais a aldeia”, explica o jovem presidente.As actividades são planeadas semanalmente pelos jovens que se voluntariam para ajudar e acompanhar as iniciativas. É graças à sua receptividade que é possível trocar de monitores de duas em duas semanas. “Esta tem sido uma experiência enriquecedora para a associação. As iniciativas com as crianças são gratificantes porque existe participação dos pais e sentimos que o nosso trabalho é valorizado. Neste momento somos 17 elementos na associação com idades compreendidas entre os 16 e os 33 anos, e vivemos todos cá. Uma das nossas ambições é levá-los a um intercâmbio mas para já ainda são muito novos”, conclui Ricardo Dias.O saldo do trabalho desenvolvido é positivo mas ainda há um longo caminho a percorrer para mudar as mentalidades. A associação está aberta a todos os jovens e é bem vista pela população, que considera as actividades educacionais como uma mais-valia. A maioria dos jovens que integram a associação vive e trabalha no concelho de Abrantes, mas alguns estudam fora e apenas vêm ao fim-de-semana. Com o intuito de unir não só os jovens mas todas as gerações também se têm realizado workshops, festas de Carnaval e de Halloween mas são as iniciativas com os mais novos que têm o dom de unir filhos, pais e avós. Em Setembro, quando as aulas recomeçarem, os ateliers voltam a abrir aos sábados e será realizada uma pequena queima das fitas no Centro Paroquial. A sede da associação funciona na antiga escola primária. O edifício foi cedido pela autarquia em 2013 através de um protocolo que terá a duração de cinco anos. A Cem Rumos conta com o apoio dos seus sócios, que andam à volta de 120, da Câmara Municipal de Abrantes através do programa Finabrantes, da junta de freguesia e de algumas empresas.“Jovens continuam presos a uma mentalidade antiga”Dois dos jovens que integram a associação admitem que viver numa aldeia tem vantagens e desvantagens. A principal vantagem é a qualidade de vida. “Viver no Vale das Mós é muito bom. Felizmente tive emprego mal terminei a escola e nunca me passou pela cabeça emigrar. Mas é pena não haver evolução. Isto é uma aldeia típica do interior com muitos jovens que continuam presos a uma mentalidade antiga”, refere Ricardo Dias, 26 anos, assistente operacional no Hospital de Abrantes.Também Ana Neto, 30 anos, que é auxiliar de educação, afirma ser complicado implementar coisas na aldeia. “Nunca sabemos como é que as pessoas vão reagir e é difícil criar actividades porque as pessoas daqui não são muito participativas. Às vezes é mais fácil trazer pessoas de fora do que atrair os que são daqui. E este sim é um dos principais problemas de viver no Vale das Mós.”, desabafa.
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