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Soberbo Manuel Serra d’Aire

Já te inscreveste para poderes votar nas eleições primárias que pretendem escolher quem vai ser o candidato do Partido Socialista a primeiro-ministro? Como deves ter reparado esse é o assunto mais badalado deste Verão, logo a seguir aos tiroteios em Tomar, à epístola de Moita Flores ao PSD de Santarém e ao lixo nas ruas do concelho de Vila Franca de Xira. Confesso que pensei em investir algum do meu tempo a alistar-me nessa guerra como simpatizante, até porque reúno as condições exigidas: não sou filiado nesse nem em nenhum outro partido (Deus me conserve a lucidez para continuar assim) e até tenho alguma simpatia pelo missal que é a declaração de princípios do Partido Socialista. Nomeadamente quando a citada declaração de princípios proclama que o PS “concebe a acção política como tarefa colectiva de mobilização de pessoas e grupos para o projecto da plena realização da democracia e da afirmação dos ideais da liberdade, da igualdade e da solidariedade”. Ou quando diz que o PS “é um partido plural, coeso e fraterno, aberto à comunicação permanente com as diferentes organizações e correntes de opinião que fazem a riqueza da sociedade civil”. Quem é que consegue ficar indiferente a causas e princípios tão nobres?Acontece que esse tal PS coeso que está subjacente à declaração de princípios não deve ser o mesmo que anda em acesa guerra civil com muita peixeirada pelo meio, em que os oportunistas e vira-casacas disputam lugares nas trincheiras para se mostrarem ao chefe, a pensar no bodo (leia-se tachos) que será distribuído quando chegar a hora de voltar ao poder. E então achei que não valia a pena estar a participar na escolha de um candidato a primeiro-ministro de um partido que usa a declaração de princípios de outro partido qualquer, mas que não é seguramente a sua. O actual PS devia ser punido por andar a publicitar falsas declarações (de princípios, entenda-se) e pensar em rever os conceitos que tem de coesão e fraternidade.O livro publicado pelo ex-presidente da Câmara de Torres Novas, António Rodrigues, pago com dinheiros públicos e onde estão enumeradas as obras que legou ao concelho durante os seus 20 anos de poder, não está disponível para leitura na biblioteca municipal torrejana, o que não deixa de ser estranho. Até porque a modéstia não é propriamente a melhor qualidade para caracterizar Rodrigues. Quem quiser ler a publicação tem de a comprar. Roubar ao mundo a possibilidade de tomar contacto, gratuito, com essa obra é um atentado à cultura que urge denunciar. A minha parte fica aqui feita. Vedarem-nos a possibilidade de nos deleitarmos com esse naco de prosa é como tirarem pão da boca de um pobre faminto.Pelo contrário, outro ex-autarca escritor, de seu nome Moita Flores, presenteou-nos com um escrito à sua altura, em forma de carta dirigida ao PSD de Santarém, onde disseca aspectos da sua passagem pela Câmara de Santarém e, pelo meio, apoda o seu sucessor de mandrião para cima. É um belo naco de prosa onde, a dados momentos se nota que o romancista está na fase de transição do romance histórico para a ficção científica. Ou muito me engano ou está ali um Nobel na forja.Um bacalhau demolhado do Serafim das Neves

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