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Um enfermeiro que também é proprietário de uma Casa de Repouso

Um enfermeiro que também é proprietário de uma Casa de Repouso

Carlos Gorgulho é director técnico da “Quinta da Fonte” em Paialvo
Carlos Gorgulho, 50 anos, director técnico da “Quinta da Fonte”, uma casa de repouso para a terceira idade no lugar de Carrazede, Paialvo, em Tomar, escolheu ser enfermeiro por influência familiar. Hoje sente que esta é a sua verdadeira vocação. “Tinha dois tios paternos que eram, na altura, professores numa escola de enfermagem pelo que já existia alguma ligação à área da Saúde”, conta, acrescentando que sempre teve mais apetência para Matemática do que Letras.Filho de comerciantes, Carlos Gorgulho cresceu atrás de um balcão pelo que sempre se habituou ao contacto com o público. Em criança nunca dizia que queria ser enfermeiro. Só escolheu o curso quando já andava no 12.º ano. Frequentou a Escola de Enfermagem em Coimbra, onde conheceu a esposa, Margarida Carmo, com quem está casado há 25 anos. “Só ao fim de um ano e meio de curso é que caí na realidade e vi onde é que estava metido”, recorda a sorrir. Quando terminou o curso esteve dois anos a trabalhar nos Hospitais da Universidade de Coimbra, no Serviço de Cirurgia, após o que rumou à Suíça, onde esteve emigrado com a esposa, durante cinco anos e meio. “As nossas filhas nasceram em Genebra mas queríamos que elas fizessem o seu percurso em Portugal. Quando abriram vagas para o quadro do Hospital de Tomar concorremos e entrámos”, conta, recordando o motivo pelo qual regressou à sua cidade natal, em 1995. Depois de alguns anos a trabalhar na prestação de cuidados de saúde mais emergentes, deixou de ser enfermeiro hospitalar para se dedicar de alma e coração à “Quinta da Fonte”, uma casa de repouso para idosos que existe há 14 anos. Antes de, há seis anos, ter passado a ser gestor era, juntamente com a esposa, responsável pelos cuidados de enfermagem da instituição. “Foram os antigos proprietários que planearam e estruturaram todo o espaço e, quando eles decidiram reformar-se optei por ficar com isto”, conta. A 1 de Fevereiro de 2008 criou a empresa Margorgulho, Lda. e para assumir a gestão da “Quinta da Fonte”.Carlos Gorgulho continua, a par da gestão, a ser o enfermeiro responsável pela administração da medicação dos 34 utentes que a instituição, actualmente, tem a seu encargo. “Penso que a nossa mais valia é o ambiente familiar que proporcionamos. Considero que temos condições acima da média”, reflecte. O seu lema incide na humanização dos cuidados. “Os familiares podem visitar os utentes a qualquer hora do dia, desde que tal não prejudique os utentes. Já organizamos actividades com os utentes e a presença da família é sempre bem-vinda. É importante que as pessoas não se sintam fechadas numa casa”, descreve o enfermeiro que também abraçou a faceta de empresário. O enfermeiro sempre encarou a morte como um processo natural da existência humana. “Todos lidam com a morte de forma diferente. Eu tenho mais problemas em lidar com a dor do que com a morte”, atesta, considerando que é necessário, cada vez mais, apostar numa medicina preventiva. O facto de ser enfermeiro é uma mais valia na gestão da casa de repouso. “Há situações que podem ser despistadas aqui mesmo sem recorrer ao hospital onde estão mais expostos a bactérias”, conta, ressalvando que a taxa de episódios em que os utentes da “Quinta da Fonte” necessitam de ir ao hospital é muito baixa. Carlos Gorgulho tira dois períodos de férias por ano mas está sempre contactável. O enfermeiro/empresário tem noção que este tipo de actividade exige uma disponibilidade total para que sejam prestados os cuidados com a qualidade que pretende e não abdica de dar o seu melhor todos os dias para que os outros se sintam bem em seu redor. Pessoa muito prática, o enfermeiro encara os problemas como desafios que têm que ser ultrapassados. O mais gratificante destes 28 anos de enfermagem passa por aqueles momentos em que o reconhecem fora do ambiente hospitalar. “Abordam-nos porque se lembram de nós como alguém que esteve ao lado ou cuidou deles quando mais precisaram e mantêm essa lembrança”, atesta.
Um enfermeiro que também é proprietário de uma Casa de Repouso

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