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Dez mil milhões (Ed. Circulo de Leitores) é o título de um livro arrepiante onde Stephen Emmott nos mostra o presente que vai ditar o nosso futuro. Muitos destes fatos temos escrito aqui a propósito de muitos temas e assuntos. Tudo se resume à insustentabilidade do nosso modo de vida. Isto não são ideias de um conjunto de ecologistas que levantam algumas bandeiras à procura de ecrã. O caos insustentável em que vivemos conduz-nos a um conjunto de acontecimentos apocalípticos que são incontornáveis. E o mais grave de tudo é que isto é verdade, não temos solo e recursos suficientes para alimentar a atual população da Terra e muito menos vamos ter para os tais anunciados dez mil milhões dentro de poucos anos. Estamos a assistir à sexta grande extinção no planeta Terra. A perda de muitos ecossistemas e dos serviços ambientais prestados por estes põem em causa a nossa sobrevivência. Há poucas semanas escrevemos aqui sobre os insetos polinizadores e do fatal problema, designadamente alimentar, que decorre das extinções em curso. É absurdo mas existem atualmente cerca de 700 milhões de pessoas com fome e outras tantas sofrem de uma grave doença que se chama obesidade. Que mundo é este? As alterações climáticas em curso vão provocar a deslocação de 3 mil milhões de pessoas. Uma classe muito presente nas mais importantes reuniões científicas sobre o tema são os militares. Porque será?Stephen Emmott que pertence a uma classe de cientistas únicos na vanguarda da investigação, coordenando uma vasta equipa interdisciplinar, não hesita em anunciar “uma emergência planetária sem precedentes que nós próprios criámos”.Como escreve só temos duas hipóteses: solução tecnológica ou mudar radicalmente de comportamento. Com facilidade se prova que, pela primeira via não é possível encontrar uma solução, e de igual modo, também se compreende que a mudança de comportamento não vai acontecer. Esta segunda via necessitaria de uma mudança governamental impossível de acontecer face aos interesses corporativos existentes. Aliás, alguém ainda acredita que os governos decidem alguma coisa? A globalização e o atual modo de usar e gerir os recursos, atrasa o problema e transfere a fatura para um futuro muito mais próximo do que julgamos.Em tempo de férias o tema é pesado mas para ser honesto comigo, e convosco, tenho que concluir transcrevendo o autor: “Perguntei a um dos mais racionais e inteligentes cientistas que conheço, um jovem do meu laboratório que trabalha nesta área, se ele pudesse fazer apenas uma coisa quanto à situação que se nos depara, o que faria? Sabem qual foi a resposta? - “Ensinar o meu filho a usar uma arma.”Como sou um homem de Fé tenho que acrescentar: “Deus nos ajude”.Carlos A. Cupetocupeto@uevora.pt Professor na Universidade de Évora

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