Menina atropelada com gravidade por égua nas festas de Samora Correia já saiu do hospital
Animal desgovernado que terá sido roubado por jovem investiu contra as pessoas que assistiam à procissão
Populares retiraram menina do asfalto depois do acidente e levaram-na para dentro de uma tertúlia, onde foi assistida antes de ir para o hospital. O pai diz que a imagem da filha, ensanguentada, não lhe sai da cabeça. A organização diz que tem seguro e que o acidente está a ser analisado.
A menina de nove anos atropelada com alguma gravidade por uma égua desgovernada nas Festas de Samora Correia, Benavente, já teve alta do Hospital de Vila Franca, após ter estado internada três dias. Mafalda Matos vai enfrentar agora um longo período de recuperação em casa, continuando a precisar de cuidados médicos e de enfermagem. O pai da criança, Carlos Matos, residente na cidade, não consegue esquecer o momento em que viu a filha ensanguentada e diz que foi um milagre não ter acontecido uma tragédia. Mafalda sofreu ferimentos graves na cabeça, num braço, tornozelo, joelhos, anca e barriga, partiu um dente e não se sabe ainda se ficará com as marcas do acidente. Carlos Matos recorda a O MIRANTE as imagens de pânico e sofrimento que viveu na noite de sexta-feira, 15 de Agosto, quando a égua investiu contra as pessoas quando estava a terminar a procissão. “Um senhor que estava a vender bolos viu-a ser arrastada pelo chão e a bater no lancil do passeio com a cabeça que ficou partida. Ele agarrou-a e tirou-a do chão, levou-a para dentro de uma tertúlia onde a meteram em cima do balcão. Quando lá cheguei via-a no balcão cheia de sangue dos pés à cabeça. O pai da menina, que pratica ginástica acrobática na Academia Gimnodesportiva de Samora Correia, diz que a única coisa que o “faz desfocar a imagem dos ferimentos é lembrar-me da atitude de força e coragem que ela teve no hospital”. A menina vai agora fazer pensos, retirar os pontos até ao final do mês e continuar os tratamentos para os vários hematomas e feridas que sofreu. Mafalda tem recebido, nos últimos dias, muito apoio de amigos e familiares.No acidente outras três pessoas ficaram feridas e tiveram de receber assistência no hospital. Outras seis sofreram ferimentos ligeiros quando num momento de pânico tentavam fugir do animal, que alegadamente foi roubado por um rapaz de 18 anos. Marta Silva, de Santo Estêvão, é uma das pessoas que teve de ser assistida no hospital. O seu filho Rodrigo, de três anos, foi cuspido do carrinho de bebé quando a égua o atropelou. O carrinho ficou destruído e a criança sobreviveu não se sabe como. “Se ele vai preso ao carrinho não tinha sobrevivido”, recorda a mãe. Luzia Grou sofreu um coice da égua a tentar manter o filho de Marta, de quem é amiga, longe do animal. “Trabalho com cavalos há tantos anos e nunca vi nenhum naquele estado. A égua estava muito assustada”, nota.O animal é propriedade da casa agrícola Herdade das Silveiras e estava ao cuidado do filho de Inês Ribeiro, que explica a O MIRANTE que a égua fora roubada momentos antes por um jovem de 18 anos, residente em Samora Correia. Depois de fugir com o animal, o jovem terá perdido o controlo da égua, caiu da sela e o animal continuou a galopar sozinho e desgovernado pelas ruas da cidade até provocar o acidente. Os donos do animal já apresentaram queixa por roubo na GNR. A presidente da Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora Correia (ARCAS), Dora Coutinho, entidade que organiza a festa, garante que existe um seguro de responsabilidade civil para fazer face a este tipo de acidentes e que o assunto está a ser analisado. O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, confirma que existe “um conjunto de apólices” destinadas a proteger os munícipes de acidentes deste. Esta foi a segunda vez que um acidente deste tipo aconteceu nas festas da cidade. Há cerca de 20 anos uma mulher ficou ferida com gravidade depois da fuga de um animal. Nessa altura a festa não tinha seguro.Presidente da câmara diz que tem de haver mais cuidadoO presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho (CDU), disse na última segunda-feira que “poderia ter havido mais algum cuidado” das pessoas que participam com animais nas festas de Samora Correia, de modo a evitarem acidentes deste tipo. “Nas nossas festas ribatejanas o touro e o cavalo são componentes fundamentais. Portanto, a responsabilidade é das pessoas que participam com os animais e, em todo o momento, devem ter as maiores cautelas”, sublinhou.Também Carlos Matos, pai de Mafalda, entende que o figurino deve ser repensado. “Quando vou para um cortejo com cabrestos e cavalos estou com mais cuidado porque sei que estou perante animais. Agora, numa procissão religiosa não deveria aparecer nenhum animal. Nada fazia prever que ia aparecer um animal numa zona onde estava a decorrer a procissão”, lamenta.
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