uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

“Não sou escravo do trabalho e o domingo é para a família”

João Carlos Mendes, 27 anos, empresário, Torres Novas
Cheguei a pensar ser arquitecto ou desenhador mas sempre tive muita vontade de criar o meu próprio negócio. Acabei por tirar o curso de “Química Industrial e Gestão” na Universidade de Aveiro. Quando concluí o curso, há sete anos, regressei a Torres Novas apesar de considerar que Aveiro era uma terra de grandes oportunidades. Comecei do zero, sem qualquer tipo de experiência profissional. Só tinha trabalhado nas férias grandes com o meu pai. A minha empresa surgiu na sequência de um trabalho académico, na cadeira de Gestão de Empresas. Montei a empresa no último ano do curso, por isso, todo o processo foi um pouco atribulado. Na altura começaram a falar que as energias renováveis eram o futuro. Gostei do trabalho e adaptei-o. Já não vivi os grandes anos da construção e, quando iniciei a actividade, o mercado já estava em decréscimo. Abri a empresa em Abril de 2008. Quando era miúdo era muito recatado, não saía do meu canto. Hoje sei que temos que ser conhecidos e para isso temos que nos dar a conhecer. Hoje sou uma pessoa mais extrovertida porque, devido à minha actividade, a isso sou obrigado. Em criança, fui ginasta da equipa da Zona Alta. Mais tarde, na adolescência, pratiquei ténis no Clube de Ténis de Torres Novas. Foi o meu único envolvimento com associações da terra. Nunca fui a competições. Quando me tornei empresário não tinha noção do que isso ia acarretar. Não tinha a noção de que ia deixar de ter horário de saída ou fins de semana. A empresa chama-se “Sentido do Vento” porque era um dos nomes que estava disponível no sistema “Registo na Hora” que se enquadrava naquilo que era o nosso objectivo. Decidi investir em Torres Novas porque é a minha terra. Ainda hoje não me apetece sair daqui. O mercado da energia eólica em Portugal morreu na praia. A tecnologia não está desenvolvida para o sector doméstico e algumas tentativas (neste sector) que foram feitas não foram bem sucedidas. Quando, eu e outro colaborador, começámos nesta empresa trabalhávamos apenas com energias renováveis. Montávamos todos os sistemas de produção de energia, fotovoltaico ou eólico. Para sobrevivermos no mercado, tivemos que alargar o nosso leque de serviços e em Janeiro de 2013, começamos a fazer montagem de instalações eléctricas e também começámos a instalar gás. Sou mais de estaleiro do que de escritório. A rotina cansa-me (risos). Não consigo funcionar num horário das nove às cinco no mesmo local. Aconselharam-me a deixar de ser técnico para passar a ser gestor mas, ainda hoje, gosto de ir ao terreno ver a obra física. O nosso tipo de trabalho não pode ser desempenhado por uma única pessoa. No início passava tudo por mim. Custa-me desligar da parte técnica porque nesta área as pessoas têm mesmo que saber trabalhar. Somos quase uma farmácia ambulante e, no final, tudo tem que ficar a funcionar e dentro das normas definidas. Não devemos fazer as coisas apenas porque sim. O meu dia de trabalho começa às seis da manhã e nunca termina antes das 20 horas. Trabalho uma média de 10 a 14 horas por dia e, quando saio, já estou a pensar no dia de amanhã. Deixar o cliente satisfeito e ter uma boa execução profissional são factores importantes mas, acima de tudo, temos que assegurar a vertente da eficiência energética. As questões ecológicas preocupam-me mais desde que sou empresário na área. A persistência é que tem levado ao crescimento da empresa. Somos seis colaboradores e, actualmente, já consigo delegar responsabilidades. No final do dia de trabalho, se for preciso, vou beber umas cervejas com eles. Os domingos dedico-os por completo à família. Sou casado e tenho dois filhos. Crescem depressa e, por isso, gosto de passar o máximo tempo com eles. Não levo trabalho para casa. Não sobra muito para hobbies ou outras actividades mas de vez em quando consigo viajar. Quando posso tiro uma semana seguida de férias mas faço questão de estar sempre contactável. A única forma para conseguir mais sossego passa mesmo por sair do país.Elsa Ribeiro Gonçalves

Mais Notícias

    A carregar...