David Martins
Técnico de gás, 41 anos, Sardoal
“Irrita-me o pessimismo, sobretudo o que se instalou no país nos últimos anos. Temos é que arregaçar as mangas, seguir em frente e continuar a apostar no nosso país”* * * “Penso que o que faz mesmo falta no Sardoal é haver mais juventude que, muitas vezes, é obrigada a sair do concelho para procurar melhores condições de vida noutras paragens”
Chegou a ir às Festas do Concelho do Sardoal? Confesso que fui apenas numa noite (sábado) e achei que havia pouca participação por parte do público. Em relação às festas anuais, a minha opinião é de que os municípios têm que ter verbas para contratar artistas reconhecidos ou bandas que cativem o público, caso contrário as festas não têm impacto na população.Os jovens devem apostar cada vez mais na agricultura?Penso que sim pois esta acaba por ser a base de subsistência de todo um país. Noto que a maioria da nossa população deixou de ter o hábito de trabalhar a terra, preferindo as cidades para trabalhar e viver. Se tratássemos das terras evitaríamos muitos incêndios e, além disso, muitas divisas escusavam de sair do nosso país.Alguma vez trabalhou nas vindimas?Sim. Ajudo a cuidar da terra que pertence ao meu pai e todos os anos fazemos algum vinho para consumo doméstico. Aliás, penso que é muito agradável aprender tudo o que está relacionado com a agricultura e a natureza. O que é mais gratificante no seu trabalho?Tendo como actividade principal a execução de instalações, manutenções e reparações de redes de distribuição de gás, privilegio acima de tudo a segurança e a satisfação do cliente. Por isso, sempre que o meu trabalho é sujeito a inspecção e não há irregularidades detectadas fico satisfeito.Era pessoa para experimentar um desporto mais radical? Sim. Gostava muito de experimentar o Parapente. Aliás, tudo o que tem a ver com voos fascina-me. Será que é por causa disso que os pássaros cantam (risos)?O que acha que faz mais falta na sua terra?Eu nasci em Angola, embora viva e more no Sardoal há muitos anos. Penso que o que faz mesmo falta é haver pouca juventude que, muitas vezes, é obrigada a sair do concelho para procurar melhores condições de vida noutras paragens.Já alguma vez fez voluntariado numa instituição local? Acho que o trabalho voluntário começa na nossa própria casa. Com acções que pratico em redor da minha família, por exemplo, a fazer reparações de electrodomésticos, a cuidar da terra e dos animais. Todos nós podemos ser voluntários sem estar inscritos em associações. Já teve que recorrer a médicos particulares por não ter consulta no centro de saúde? Sim. Considero que nós temos boas infra-estruturas hospitalares e bons profissionais de saúde mas, infelizmente, com os cortes no orçamento do Estado, os tratamentos e as cirurgias vão sendo adiados por sistema. Por exemplo, muito recentemente, deram à minha mãe, numa ida à urgência hospitalar, apenas paracetamol para o alívio das dores o que poderia ser feito em qualquer farmácia. Costuma praticar desporto regularmente?No ginásio não. Como trabalho ao ar livre e é um trabalho fisicamente muito desgastante não sinto necessidade de praticar desporto fechado entre quatro paredes. No fundo, acabo por fazer muito desporto enquanto trabalho.Como é que procede quando encontra um objecto perdido?Que me recorde, nunca encontrei nada de valor. Eu, por acaso, sou muito bom a perder coisas e nunca mais as volto a encontrar (risos). Como nunca me aconteceu ter encontrado pertences de alguém, também nunca pensei muito em como procederia se isso viesse a acontecer. O que o irrita mais nas pessoas e qual a qualidade humana a que dá mais valor?Irrita-me o pessimismo, sobretudo o que se instalou no país nos últimos anos. Temos é que arregaçar as mangas, seguir em frente e continuar a apostar no nosso país. A humildade é uma das qualidades a que dou mais valor. O meu lema de vida é um por todos e todos por um. Também admiro as pessoas que são perseverantes em alcançar as metas que traçam. Já começou a pensar nos presentes para oferecer no Natal?Ora aí está uma questão que revela um pouco da minha personalidade: não ligo nada à dádiva de presentes. Penso que a maior prenda que podemos dar e receber passa por termos saúde e usufruirmos de um bom convívio familiar.
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