
Adega Cooperativa de Almeirim lança águas poluídas para a Vala de Alpiarça
Ex-presidente da câmara autorizou há 11 anos ligação dos efluentes ao colector público de águas pluviais
Os efluentes da Adega Cooperativa de Almeirim estão a ser lançados na rede de esgotos pluviais. A cooperativa nunca construiu uma estação de tratamento e despeja directamente as águas poluídas no colector, que por sua vez as conduz sem qualquer tratamento até à Vala de Alpiarça. A situação ocorre essencialmente na campanha das vindimas, quando é necessário lavar as máquinas, e curiosamente é nestas alturas que geralmente ocorrem episódios de mortandade de peixes no curso de água. Há 11 anos que a descarga de efluentes ocorre com o beneplácito da Câmara de Almeirim, que gere a rede de esgotos pluviais (para recolher as águas da chuva). Mediante uma declaração emitida em 2003 pelo então presidente da autarquia, Sousa Gomes, e na qual se escuda a cooperativa declinando responsabilidades na situação. O assessor da direcção da adega, Manuel Madera, refere que a adega está licenciada e autorizada a fazer as descargas dizendo desconhecer a que colector foi feita a ligação. As descargas no colector já tinham levantado dúvidas recentemente, quando começou a aparecer água suja no cruzamento das ruas do Matadouro e Padre António Vieira onde está uma tampa dos esgotos. Veio a verificar-se que a conduta tinha abatido e foi necessária uma operação de reparação do colector que envolveu os funcionários da câmara e das Águas do Ribatejo, porque a situação afectou uma caixa de recepção dos esgotos domésticos que vão para a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Almeirim/Alpiarça. Já no ano passado várias vezes se tinha verificado a inundação do cruzamento. A adega tem também uma ligação à conduta de esgotos domésticos, mas apenas das casas de banho e da loja de venda de vinho da adega. Mesmo que as águas poluídas produzidas pela adega durante a campanha das vindimas fossem encaminhadas para os esgotos domésticos seria necessária uma autorização especial para casos pontuais e aviso prévio à Águas do Ribatejo para adequar o tratamento na ETAR. Recorde-se que no final de Agosto começaram a aparecer peixes mortos na Vala de Alpiarça, perto da zona do Casal Branco, desconhecendo-se ainda qual a causa. Na altura foi apontada a utilização de produtos para o controlo da praga dos jacintos mas o presidente do Núcleo de Marinheiros do Concelho de Almeirim, que faz a manutenção do curso de água, recusou a ideia. José Sardinheiro garantiu que os produtos, que são usados há anos durante todo o ano e não apenas no Verão, estão autorizados pelos organismos que tutelam a área do ambiente. A morte de peixes na vala no Verão é frequente.

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