Desde cedo que Isabel Barroso soube o que queria ser quando fosse grande: enfermeira. A convivência com a tia paterna, enfermeira, ajudaram-na a escolher a profissão. A sua ligação à Escola Superior de Saúde de Santarém (ESSS), antes designada Escola Superior de Enfermagem, começou há 32 anos quando entrou nesse curso. No entanto, antes de entrar para a escola teve que esperar um ano uma vez que ainda tinha 17 anos e, naquela altura, só se podia entrar no ensino superior aos 18 anos. Para não estar parada concorreu aos mini concursos para dar aulas e ficou colocada numa escola secundária em Coruche. “Foi aí que nasceu o bichinho de dar aulas. Fiquei com vontade de enveredar por essa área”, explica a O MIRANTE.Quando terminou a licenciatura foi estagiar para o Hospital Distrital de Santarém, que funcionava no chamado hospital velho mas que, entretanto, mudou para as actuais instalações. Depois de cinco anos a trabalhar lá surgiu o convite para regressar à ESSS. Desta vez para dar aulas. Aceitou o desafio e diz que foi a melhor decisão que podia ter tomado. Já lá vão 27 anos. “Sou enfermeira mas sinto-me mais professora. Sou enfermeira através dos estudantes”, refere.Isabel Barroso deu aulas, acompanhou estágios de alunos nas áreas da obstetrícia, psiquiatria, pediatria, serviços de medicina e centros de saúde. “Ter passado por todas as áreas enriqueceu o meu percurso como professora e profissional. Estar em várias áreas diferentes dá-nos uma visão global do que é o desenvolvimento dos estudantes ao longo do curso. Tudo isso fez com que me desenvolvesse e evoluísse enquanto professora”, sublinha.Já a dar aulas, decide continuar a apostar na sua formação. Tirou o mestrado em Sociologia, na Universidade Nova de Lisboa, e está a tirar o doutoramento em Enfermagem, na Universidade Católica. Integra a equipa de investigação da escola. Há quatro anos aceitou o desafio de concorrer à presidência da direcção da ESSS. Garante que se, há uns anos, lhe dissessem que um dia ia estar neste cargo não acreditaria. “As coisas proporcionaram-se e gosto de desafios por isso aceitei este”, conta.A professora trabalha, em média, 12 a 13 horas por dia. “O esforço é grande mas tem valido a pena. Tudo corre bem quando gostamos do que fazemos e eu gosto muito da profissão que escolhi”. Além de presidir à direcção da escola também dá aulas. A lei permite que um professor com funções directivas abdique de dar aulas mas Isabel Barroso explica que na ESSS essa não é a prática e por isso também ela não prescinde do contacto mais próximo com os alunos.Esse é um factor muito importante para a professora de 53 anos: a proximidade entre professores e alunos. Isabel Barroso diz que é possível criar laços de amizade entre alunos e professores. A directora explica a O MIRANTE que todas as actividades dos estudantes são preparadas em conjunto com a direcção da escola. “Por exemplo, durante a época de praxes nós acompanhamos a integração dos alunos que chegam à escola. Fazemos para que tudo corra bem”, refere.Natural de Vila Nova da Barquinha, reside no Entroncamento há 32 anos. Casada e com dois filhos, nunca colocou a hipótese de se mudar com a família para estar mais perto do local de trabalho. Tudo em prol da estabilidade familiar. “Os meus filhos já são adultos mas em pequenos quis que tivessem sempre o máximo de estabilidade e tivemos sempre um apoio muito grande da minha sogra, que nos ajudou muito. Foi fundamental para que a rotina familiar corresse sempre bem”, recorda. Casada com um médico, compreendem a vida profissional agitada um do outro. Nos “poucos” tempos livres que tem aproveita para viajar, sobretudo de carro, por Portugal e Espanha. Adora ler e aproveita os fins-de-semana para colocar em dia a leitura dos jornais. Sempre que pode também gosta de ir ao cinema.