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“Não tenho feitio para ficar parada”

“Não tenho feitio para ficar parada”

Margarida Mourão, 33 anos, empresária, Tomar
Em criança dizia que queria ser médica mas estava sempre a brincar aos professores e não era por influência familiar. Na minha família tenho militares, pessoas ligadas à construção civil e empresários. Contam-se pelos dedos de uma mão as que estão ligadas à área da Educação. Felizmente tive bons professores durante o meu percurso que me influenciaram a enveredar pela área do ensino. Dou explicações há quase vinte anos. Vim para Tomar com quatro anos. Nasci em Lisboa mas considero-me tomarense. A minha mãe é da Sertã e o meu pai da Pampilhosa da Serra, mas veio cedo para a Roda Grande (Tomar). Como tal, mesmo morando no Montijo, os meus pais prepararam tudo para que viéssemos para aqui viver. Eles tinham uma empresa de organização de eventos que, entretanto, passou para mim, actividade que acumulo com as funções no Ginásio da Educação Da Vinci.Joguei futebol como federada entre os 13 e os 14 anos. Mas só participava nos jogos em casa porque o meu pai não me assinava as autorizações para as deslocações (risos). Acho que experimentei todos os desportos e actividades que podia, como o ballet, a natação e a ginástica rítmica e acrobática. Desde muito nova que sempre estive envolvida em actividades desportivas e culturais. Integrei, durante dez anos, o Coro Infanto Juvenil da Canto Firme de Tomar, embora nunca tenha tido qualquer formação musical. Recordo que eu e um grupo de amigas escolhíamos a roupa para ir ao ensaio, todos os sábados, e depois íamos ao cinema, quando ainda existia a sala no Centro Comercial Templários. Fui lavar cabeças, como voluntária, para um cabeleireiro aos 16 anos. Já ajudava os meus pais desde os 11 anos na organização de eventos e ficava chateada nos fins-de-semana em que não tinha nada para fazer. Durante três anos a única coisa que ganhei foi alguma experiência e a satisfação de, nos dias de hoje, poder cortar o cabelo a alguns familiares e amigos. Aprender nunca fez mal a ninguém e eu orgulho-me muito de o ter feito. Sou uma pessoa dinâmica e não tenho feitio para ficar parada.Sempre tive o objectivo de vir a dar aulas ou formação. Pensava que quando terminasse o ensino secundário ia estudar para fora. As minhas três primeiras opções para o Ensino Superior incidiram no curso de Enfermagem mas apenas onde as médias estavam ao nível de Medicina. Acabei por entrar, graças ao conselho de um professor, no curso de Engenharia Química, no Politécnico de Tomar. Podia ter concorrido novamente e entrar noutras instituições do país, mas não quis dar esse “peso” aos meus pais, apesar deles sempre me incentivarem a seguir as minhas ideias.Trabalhei cinco anos na Câmara Municipal de Tomar. Quando terminei o bacharelato tive a sorte de poder trabalhar na área da gestão da qualidade, área da qual gosto muito e pretendo vir a desenvolver mais. Aos 21 anos estava a tirar a licenciatura e resolvi inscrever-me no Centro de Emprego para fazer um estágio profissional. Entreguei o currículo na Câmara de Tomar e apenas pedi que me colocassem num departamento relacionado com análises da qualidade de água, fosse nas piscinas, nos Serviços Municipalizados ou no Departamento de Obras. Acabei por ser chamada para o estágio e acompanhei todo o processo de certificação de qualidade do Complexo Desportivo Municipal. Saí da autarquia quando já não podia renovar mais o contrato, aos 27 anos e grávida do meu primeiro filho.O Ginásio Da Vinci não é um Atelier de Tempos Livres ou um simples Centro de Explicações. Na entrevista que tive com o master do Franchising, em Leiria, identifiquei-me logo com o projecto porque uma das condições é a existência de um gabinete de intervenção psicopedagógico. Quando dava explicações em casa sentia que a maioria dos miúdos precisava mais de alguém que os ouvisse do que propriamente alguém que lhes explicasse o que quer que fosse. Abri o Ginásio a 2 de Março de 2011 e acabei por o acumular com outras funções. Faço Formação Profissional para várias empresas e para o IEFP. Não existem crianças burras mas apenas com menos capacidade que outras para aprender determinadas matérias. Costumo brincar e referir que, nem que tenha que fazer o pino, eles saem daqui a perceber a matéria. O estudo deve ser feito de forma informal e confortável. Se a criança gosta de estudar sentada no chão com os livros em cima do joelho, deixem-na estudar assim. Cada criança é uma criança, cada jovem é um jovem, cada idoso é um idoso. Trabalhamos com todas as franjas de idade e também cuidamos da mente. Temos que acreditar que há sempre algo bom à nossa espera. Sou casada, tenho um filho de cinco anos, o Duarte. Tenho a sorte de a nível familiar ter uns pais que me apoiam imenso em todos os aspectos e um marido sempre presente e disposto a ajudar no que for preciso. Não tenho muito tempo livre para hobbies até porque encontrei outra forma de estar mais próxima dos outros que é a política. O meu maior escape passa por ir até à aldeia de Cem Soldos, terra onde o meu marido tem raízes. Até o ar é diferente lá! Gosto muito de ler e de cozinhar. O meu lema de vida desde há muitos anos é: “se a vida não te sorri não desesperes porque o sol também não brilha todos os dias mas existe”.Elsa Ribeiro Gonçalves
“Não tenho feitio para ficar parada”

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