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Fulminante Manuel Serra d’Aire

Tocaste no ponto e realmente a questão é intrigante. Alguns dos nossos autarcas ganharam de repente uma costela reivindicativa que não se lhes conhecia e ameaçam fazer concorrência de peso, e roubar protagonismo, aos sindicalistas da CGTP e aos activistas mais radicais do Bloco de Esquerda na área da indústria do protesto. O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), que parece que não parte um prato, falou numa sessão pública em cortar a linha de caminho de ferro na cidade para chamar a atenção do Governo para a necessidade de obras de consolidação urgentes nas barreiras da cidade. A ameaça foi de tal monta que o autarca falou também na possibilidade de entregar o cartão do partido, coisa que, como sabemos, só se faz em desespero de causa. É como rasgar o cartão de sócio de um clube...Dias depois, foi o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa (PS), a fazer voz grossa e a ameaçar convocar uma grande manifestação popular em protesto pela falta de policiamento no concelho. O autarca, que tem um ar seráfico e apaziguador, foi aos arames e quem o viu mandar-se ao Governo com unhas e dentes quase não o reconhecia. Que se passará com os nossos autarcas? Andam a ver muitas manifestações de professores? Estiveram recentemente nalgum workshop com o Mário Nogueira e a Ana Avoila? Estão com saudades do PREC? Dormiram com os pés de fora? Leram o último livro do António Rodrigues? Quem souber que responda.Nos últimos tempos tenho andado preocupado com o destino cruel das chamadas vespas asiáticas, a que começaram a dar caça sem quartel neste país e região sem que se levante alguém em defesa desses insectos de olhos em bico, que lá por não terem cornos nem frequentarem o Campo Pequeno não deixam de ter o direito a uma vida em paz e descanso. Considero essa situação de uma injustiça flagrante por duas razões: a primeira porque há uma discriminação racista em relação às outras vespas, que não são tratadas do mesmo modo quer pelos bombeiros quer pelas notícias. Os bombeiros agora até põem no relatório as chamadas que recebem para ir combater o malfadado insecto, quando tal nunca se verificou sempre que se trata de retirar um gato do cimo de uma árvore ou do fundo de um poço.Por outro lado, pergunto onde andam as associações de defensores dos direitos dos animais, sempre tão interventivas na defesa dos toiros mas completamente alheias ao sofrimento a que está sujeita outra bicharada digna de apreço e comiseração, como as citadas vespas asiáticas.A história do grupo de cidadãos do Entroncamento que procura os restos de um fontanário desaparecido sensibilizou-me, demonstrando que na cidade os fenómenos continuam a ser imagem de marca. Não só de melros brancos e de abóboras gigantes se faz a história da terra que também tem no catálogo desaparecimentos misteriosos tipo triângulo das Bermudas. Mas este é, sobretudo, mais um caso de discriminação pura. Desaparece uma fonte e “Ai Jesus” que estão a levar o nosso património. Fecham tascas onde se deu de beber a tanta gente e ninguém se queixa. Definitivamente, já não há ribatejanos como antigamente...Saudações vinícolas do Serafim das Neves

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