uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

José Pereira

Professor aposentado, 65 anos, Tomar

“Como pessoa metódica que sou não considero que seja uma colecção, mas tenho acondicionado um conjunto elevado de esferográficas, caixas de fósforos, calendários e também pacotes de açúcar. O tempo não dá para tudo. Estão à espera de serem ordenados”* * *“Custa-me ver o edifício da antiga Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, à entrada da Corredoura, de portas fechadas e sem utilidade. Foi uma casa onde passei tantos anos e penso que, em conjunto com o posto de turismo que existe perto da Mata dos Sete Montes, poderia ser uma excelente porta de entrada para acolher os turistas que nos visitam”

O que é que o agasta mais neste momento em Tomar?Custa-me ver o edifício da antiga Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, à entrada da Corredoura, de portas fechadas e sem utilidade. Foi uma casa onde passei tantos anos e penso que, em conjunto com o posto de turismo que existe perto da Mata dos Sete Montes, poderia ser uma excelente porta de entrada para acolher os turistas que nos visitam. Não sei o destino que este edifício vai ter e isso deixa-me preocupado.Já teve que abdicar de algo por uma questão de consciência?No final de Dezembro de 2013 deixei de fazer parte da direcção da Canto Firme - Associação Cultural, casa à qual estou ligado umbilicalmente desde a sua fundação. Achei que, para além de um cargo de dirigente dar muito trabalho, quando fui eleito presidente da assembleia municipal não devia misturar as coisas. Nesse sentido, quando apareceu malta jovem para liderar a Canto Firme dei-lhes o meu apoio e penso que estão a fazer um excelente trabalho.Já anda a pensar na Festa dos Tabuleiros de 2015?Claro que sim. Estou ligado à festa há mais de 30 anos. Derivado à minha profissão como professor de trabalhos manuais fui desenvolvendo uma aprendizagem sobre a melhor maneira de construir e executar, por exemplo, um cesto de verga, uma coroa ou montar um tabuleiro do início ao fim. Sou um perfeccionista assumido e, por esta razão, na escola ganhei a alcunha de “picuinhas”. Entendo que é importante transmitir este conhecimento às gerações futuras e, por isso, já fui a escolas ensinar como se monta um tabuleiros com pão e flores em perfeitas condições.A sociedade já está mais consciencializada para a dádiva de sangue?Pelo que me é dado a observar sim. Continuo à frente da direcção da Liga dos Amigos dos Bombeiros de Tomar que tem cerca de 4 mil sócios mas, efectivamente, dos quais 3500 são pagantes. A quota anual é de 7,5 euros e, todos os dias, aparecem novas pessoas para se tornarem associadas. Que segredo guarda que gostava de revelar?Pouca gente sabe mas tenho em exposição, na cave da minha casa, algumas peças construídas por mim, ao longo de vários anos anos, que são réplicas dos monumentos de Tomar, dado que sou um apaixonado pela minha terra. Construí uma Roda do Mouchão, que considero especial, com 14 tipos de madeira. Sou possuidor de módulos que facilitam a construção e execução dessas mesmas réplicas, podendo ensinar a quem queira aprender. Também dei por mim a estudar como se construíam as charretes que antes passeavam na cidade ou os carros antigos, que eram movidos pela força dos bois.Com o espectro do desemprego o futuro dos jovens pode estar na agricultura?Se todos gostassem como eu gosto da agricultura, que é o meu passatempo preferido - cheguei a tirar no antigo Ministério da Agricultura e Pescas (em Tomar) o curso de jovem empresário agrícola e a carta de condutor de máquinas agrícolas - acho que pode ser uma saída para a crise. Apliquei esses conhecimentos adquiridos numa pequena exploração que tenho em Carvalhos de Figueiredo, onde fui criado à beira-rio, e ainda hoje pratico agricultura. A terra pode dar-nos quase tudo o que precisamos só temos que saber mexer nela.É adepto do coleccionismo?Como pessoa metódica que sou não considero que seja uma colecção, mas tenho acondicionado um conjunto elevado de esferográficas, caixas de fósforos, calendários e também pacotes de açúcar. O tempo não dá para tudo. Estão à espera de serem ordenados.Qual é a sua máxima de vida?“É muito agradável ser importante mas é muito mais importante ser agradável”. Li esta frase numa carta que me foi enviada há muitos, muitos anos, pelo Governo do Canadá quando exercia funções na Região de Turismo. Acho que se encaixa perfeitamente em mim pela maneira simples como lido com as pessoas ao meu redor. Felizmente, posso dizer que tenho muitos amigos, não só em Tomar como em outros pontos do país. Costumo dizer “o amigo Zeca é sempre o mesmo, seja com quem for e onde for”.

Mais Notícias

    A carregar...