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De nada vale ter uma biblioteca enorme se não houver gente para meter lá dentro

De nada vale ter uma biblioteca enorme se não houver gente para meter lá dentro

Escritor Mário Cláudio foi à Fábrica das Palavras, em Vila Franca de Xira, apresentar um livro e deixou um desabafo público. A O MIRANTE o escritor, que também se diplomou como bibliotecário e arquivista, defendeu que a criação de leitores é mais importante do que a criação de bibliotecas.

O escritor Mário Cláudio, distinguido com o Prémio Pessoa em 2004, esteve na Fábrica das Palavras, a nova biblioteca municipal de Vila Franca de Xira, na noite de sexta-feira, para apresentar um livro da sua autoria mas não escondeu o desânimo, logo no início da sessão, por estar a falar para apenas sete pessoas. Isto num auditório com cerca de 150 lugares.“Desculpem-me o desabafo, mas prefiro ir a uma biblioteca modesta com público do que a um grande edifício com pouco público”, atirou, para embaraço do director do equipamento, Vitor Figueiredo, que conduziu a apresentação da obra. Mário Cláudio destacou o edifício como sendo “belíssimo” mas rematou que só isso não chega. “É bonito ter uma biblioteca com gente. É interessante que um autor, quando a visita, seja acolhido de forma calorosa. Mas naturalmente que prefiro uma sala quase vazia com gente interventiva que uma sala à cunha com pessoas que não reagem”, notou.Esta foi a terceira vez que Mário Cláudio esteve na cidade mas a primeira em que contactou com a nova biblioteca que custou 5,6 milhões de euros e foi inaugurada em Setembro último. A O MIRANTE defendeu que tudo o que seja investimento na leitura e na cultura é “um bom investimento” mas alertou para alguns riscos.“Este edifício é uma mais-valia, fico muito feliz com esta biblioteca, mas o mais importante é que haja leitores. Senão estamos a criar oferta sem procura. O país tem vários elefantes brancos, espero que as bibliotecas nunca façam parte dessa manada e que esta não venha a ser uma dessas”, confessa. Como levar mais gente a estes equipamentos é o desafio. “A criação de leitores é mais importante que a criação de bibliotecas. Esses leitores criam-se em casa e na escola. Infelizmente não estamos a criá-los”, lamenta.Mário Cláudio esteve na cidade a apresentar “Retrato de rapaz”, um livro de ficção sobre a história de um discípulo no estúdio de Leonardo DaVinci. Mário Cláudio, de nome verdadeiro Rui Manuel Barbot Costa, é formado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde se diplomou também como bibliotecário e arquivista. Traduziu autores como William Beckford, Odysseus Elytis, Nikos Gatsos e Virginia Woolf. Afirmou-se como ficcionista e recebeu em 1985 o grande prémio de romance e novela da APE (Associação Portuguesa de Escritores), com o trabalho “Amadeu”. Em Dezembro de 2004 foi distinguido com o prémio Pessoa. Tem também trabalhos publicados na área da poesia, teatro e literatura juvenil.
De nada vale ter uma biblioteca enorme se não houver gente para meter lá dentro

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