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Nuno Fonseca

Professor, 43 anos, Curvaceiras (Tomar)

“Acho mesmo que a agricultura pode representar para o turismo uma tábua de salvação para a falta de inteligência e de argúcia de quem nos tem dirigido nos últimos, diria, trinta anos ”* * *“É importante não deixar passar para fora a imagem de que existem duas câmaras em Tomar: a do Partido Socialista, que ganhou a câmara sem maioria absoluta, e a do Partido Comunista (CDU) que nunca seria poder se não fosse a necessidade de se coligarem para conseguirem governar. Entendam-se, por amor de Deus”

Sendo agricultor nas horas vagas considera que esse pode ser o caminho certo?Acho mesmo que a agricultura pode representar para o turismo uma tábua de salvação para a falta de inteligência e de argúcia de quem nos tem dirigido nos últimos, diria, trinta anos. Prefere viver no campo a viver na cidade?Acho que teria muitas dificuldades em me adaptar à vida na cidade. Desde miúdo que sempre acompanhei os meus pais e os meus avós maternos em todos os trabalhos ligados quer ao campo, quer ao maneio do gado. Das sementeiras de Outono/Inverno às podas, à cava das vinhas com os ranchos de homens na Tapada. Na altura da debulha o vício de ir com os homens no tractor do Albino Serra para a eira e logo a seguir a apanha das passas. Para terminar o ano, e antes da escola começar em Outubro, a vindima. Antes do Natal a apanha da azeitona e o cheiro característico do lagar na Quinta da Ponte da Pedra.Se fosse presidente da Câmara de Tomar qual era a sua maior ambição?Voltar a pôr Tomar no mapa. É necessário fazer com que Tomar volte a estar na moda. Por exemplo, a Golegã é o que é, em grande medida, devido ao dinamismo do doutor Veiga Maltez (antigo presidente da câmara). É importante não deixar passar para fora a imagem de que existem duas câmaras em Tomar: uma, a do Partido Socialista, que ganhou a câmara sem maioria absoluta e quer exercer um direito constitucional, que é seu por direito, que é governar. A outra, a do Partido Comunista (CDU), que nunca seria poder se não fosse a necessidade de fazerem ambos coligação para conseguirem governar e serem ambos poder em simultâneo. Entendam-se, por amor de Deus.Como se cativam os jovens para o folclore?Envolvendo-os nas diferentes actividades e dando-lhes responsabilidade e notoriedade. Em cima do palco os jovens do nosso grupo sabem que são o centro das atenções. Fazem um espectáculo que é trabalhado nos ensaios, ao longo do ano, tentando representar um baile à moda antiga nas casas de fora da Peralva nas suas diferentes variáveis. Penso que também ficam orgulhosos quando envergam os trajes dos seus antepassados e, dessa forma, fazem os possíveis para dizerem “presente” sempre que é necessário a sua ajuda.Teve receio de ser contagiado com a bactéria da legionella?Nunca pensei muito nisso uma vez que sabia que a propagação da doença não se fazia através das formas ditas comuns. Ainda assim segui, como acho que todos seguimos, esta situação com relativa preocupação.Emigrar já esteve no seu horizonte?Noutros tempos confesso que sim, mas hoje nem pensar. Tenho dois filhos, ainda muito jovens, que precisam de mim junto deles. Olhando para os exemplos de pessoas que emigraram, e que quase todos temos nas nossas famílias, e deixaram para trás os filhos em busca de uma vida melhor, acho que não valeu a pena. Em alguns casos o resultado foi desastroso.Qual é o provérbio popular que mais aprecia?Gosto de muitos mas talvez destaque o “depressa e bem não faz ninguém”. Talvez por este ditado popular não ser respeitado é que estamos na actual situação económica e social.Tem conhecimentos para prestar primeiros socorros?Sim, fiz frequência aquando da licenciatura e, mais tarde, tirei um curso prático de “primeiros socorros e combate a focos de incêndio” com recurso a extintores em prédios urbanos na Protecção Civil de Lisboa quando leccionei num colégio. Nunca sabemos quando nos podem ser úteis.Qual foi a experiência mais marcante pela qual passou?Assistir ao nascimento do meu primeiro filho. Quando, há mais de dez anos, dei entrada com a minha esposa no Hospital de Leiria para o nascimento do nosso primeiro rebento estava longe de imaginar que as coisas seriam como foram. Quase 24 horas de sofrimento para mãe e filho. Com muita sorte pelo meio estamos cá todos para contar a história. Nessa noite de segunda-feira, enquanto homem crente que nunca foi à guerra, aprendi a dar à vida um valor especial.

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