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Grémio Povoense fica com novo centro cultural e contas para pagar todos os meses

Grémio Povoense fica com novo centro cultural e contas para pagar todos os meses

Espaço cultural Fernando Augusto abriu ao público três anos após ter começado a ser construído

Presidente do Grémio manifestou preocupações sobre quanto vai custar a manutenção do novo equipamento e garantiu que não colocará as contas da associação no vermelho por causa do edifício.

A Câmara de Vila Franca de Xira construiu e inaugurou o novo centro cultural da Póvoa de Santa Iria mas será o Grémio Povoense - entidade que, por cedência, ficará responsável pelo espaço - a suportar as despesas com a manutenção do edifício. Um encargo que já preocupa o presidente da associação, Rui Benavente, que no discurso de inauguração avisou que não colocará o Grémio em risco para manter aberto o centro cultural.“O Grémio agradece a obra mas estamos preocupados com os gastos da manutenção deste edifício. Não iremos meter a situação financeira do Grémio em risco por causa deste espaço. Mas não vamos desistir à primeira”, vincou o responsável.Apesar do edifício ser o culminar “de um sonho com quinze anos e uma mão-cheia de projectos”, Rui Benavente expressou preocupações sobre o futuro, apelando também para que a população não se divorcie do Grémio - que é a segunda colectividade mais antiga do concelho - e apareça mais vezes nos espectáculos que dinamiza. O presidente do município, Alberto Mesquita, leu um discurso onde disse ter a certeza que o espaço “ficará bem entregue” à colectividade. Depois, de improviso, concordou que a tarefa de pagar a sua manutenção não será fácil. “Vai ser um desafio difícil mas cá estaremos para ir resolvendo passo a passo as dificuldades que forem surgindo”, tranquilizou. E como o dia era de festa não se falou mais em números mas sim de homens, no caso, de Fernando Augusto, o homem que dá nome ao edifício (ver caixa). Três anos depois do lançamento da primeira pedra, o espaço cultural Fernando Augusto foi inaugurado na tarde de sexta-feira, 5 de Dezembro, depois de uma construção atribulada e receios de virem a ser perdidos os fundos comunitários que permitiram a sua construção. O edifício está construído no terreno onde se situava o antigo mercado da Póvoa, na zona histórica da cidade. A construção do centro, recorde-se, sofreu várias peripécias. Primeiro as obras pararam depois de os técnicos terem constatado durante a demolição de um muro que havia riscos para a estabilidade dos edifícios vizinhos. Depois foram as dificuldades da empresa construtora em cumprir com os prazos e entregas de material, o que levou a câmara a admitir andar “com o empreiteiro ao colo” para este conseguir acabar a obra. Chegou mesmo a temer-se que, por causa dos sucessivos atrasos na conclusão da obra, os fundos comunitários que suportaram a obra a 65 por cento tivessem sido perdidos, o que não se veio a verificar. O edifício começou a ser construído em Janeiro de 2012. Teve um custo estimado de 762 mil euros e insere-se no programa de requalificação urbana “Eco bairros”.O edifício de dois pisos tem uma sala polivalente no rés-do-chão que também serve como auditório, equipada com bancadas retractéis com capacidade para quase 90 pessoas. No primeiro piso existem várias salas de ensaio e oficinas culturais. O espaço era uma reivindicação antiga dos dirigentes do Grémio, colectividade que movimenta perto de 200 pessoas na banda de música, rancho folclórico, danças de salão e teatro. Com estas novas instalações, a associação fica com melhores condições para formar os seus artistas e também para apresentar espectáculos na cidade, que até aqui carecia de um auditório e espaço cultural condigno.Homenagem a Fernando AugustoO novo centro cultural tem o nome de Fernando Augusto, personalidade de referência na área da cultura do concelho de Vila Franca de Xira e que completaria no dia 5 de Dezembro 67 anos de idade. Falecido em 2003, Fernando Carlos Mascarenhas Augusto ficou conhecido, além da cultura, por uma forte intervenção cívica, com obra publicada e vida dedicada ao teatro e dramaturgia. Foi actor, encenador e dramaturgo, tendo também promovido acções de alfabetização da comunidade no tempo do fascismo e pós-25 de Abril. É, ainda hoje, presidente de honra do Grémio Dramático Povoense. Em 1999 recebeu a medalha de mérito cultural do concelho. Quando o seu nome foi invocado na inauguração foi longamente aplaudido de pé pela plateia, que esgotou a capacidade do auditório.
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