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“Quando tomo uma decisão é para a levar até ao fim”

“Quando tomo uma decisão é para a levar até ao fim”

Francisco Jerónimo, 60 anos, presidente da Associação de Futebol de Santarém

Engenheiro civil, herdou do pai a paixão pelo associativismo. Em 2011 foi eleito presidente da Associação de Futebol de Santarém, que tem 76 clubes, cerca de sete mil atletas e 14 equipas envolvidas em campeonatos nacionais. Natural de Torres Novas, reside há 33 anos em Santarém, onde desenvolveu toda a sua actividade profissional e acabou por casar e ver nascer as duas filhas. A sua ambição é ser feliz.

Tenho muito orgulho nas minhas raízes. Sou natural do lugar de Pintainhos, Torres Novas, mas resido em Santarém desde 1981. Tive uma infância marcadamente rural. Ainda hoje conservo a habitação dos meus pais, onde vivi até aos 17 anos. Para ir para a escola primária tinha que atravessar um pinhal e, ao fim da tarde, ia para a horta ajudar nas tarefas agrícolas. Reguei muitas vezes a horta tirando água do poço com uma nora e apanhei toneladas de figos. Na altura o figo era uma grande riqueza e contribuía largamente para os orçamentos familiares. Sou engenheiro civil embora, em criança, nunca projectasse frequentar um curso superior. Estudei na escola primária da minha aldeia, depois fiz o ensino secundário em Torres Novas e na Escola Secundária Jácome Ratton em Tomar. Ia e vinha para Tomar, todos os dias, de comboio. Em 1973 fui estudar para o Instituto Superior de Engenharia em Lisboa onde tirei o bacharelato em Engenharia Civil. A licenciatura foi concluída, mais tarde, em Coimbra. Tinha um tio que me dizia que eu tinha jeito para ser engenheiro mas estava longe de imaginar que era mesmo isso que ia ser. O futebol é uma paixão que tenho desde muito pequeno mas nunca competi. Joguei muito à bola, na rua, com os amigos e nos campeonatos populares. Quando estava na idade de entrar numa equipa ao nível da competição, a minha deslocação diária para Tomar, onde estudava, inviabilizou essa situação. Actualmente é mais fácil conciliar os estudos com os treinos de futebol. No meu tempo, não havia tempo a perder. Sabia que tinha que me dedicar aos estudos a sério.O meu pai deixou-me o bom vírus do associativismo. Ele era presidente da Sociedade Recreativa dos Pintainhos e foi pela sua mão que comecei a ir aos bailes e a assistir aos teatros. Comecei a ocupar cargos na direcção da Sociedade Recreativa no início da década de 70. Ainda hoje sou presidente da assembleia-geral. Em 1994 fizemos a remodelação e a recuperação das instalações. Deu-me um prazer muito especial ajudar a minha aldeia a crescer. Santarém acabou por ser a terra onde estive mais anos. Foi aqui que casei e nasceram as minhas duas filhas. Quando vim para aqui viver acabei por me envolver em várias vertentes do associativismo. Fiz parte dos corpos sociais da Académica de Santarém, fui sócio fundador da Casa da Europa no Ribatejo. Por razões familiares, também estive durante alguns anos na direcção do Círculo Cultural Scalabitano, onde ainda hoje integro o Conselho Fiscal. Vim para Santarém, por questões profissionais, para trabalhar na autarquia. Quando acabei o bacharelato em Lisboa, em 1977, comecei logo a trabalhar. Dei aulas de Desenho e Trabalhos Oficinais na Escola Dom Pedro V mas depois decidi que aquilo não era vida para mim. Queria trabalhar na área fosse onde fosse. Um dia disse a um professor que gostava de ir trabalhar para as obras do Porto de Sines mas disseram-me que tinha aberto um concurso para a Câmara de Santarém. Concorri, acabei por ser seleccionado e fiquei a trabalhar no Departamento de Obras Municipais. Vivi intensamente momentos que marcaram Santarém, em termos de obras que foram aqui feitas. A grande circular a Santarém, o acesso à estrada de São Domingos, as piscinas municipais, as redes de drenagem do saneamento do concelho, pavilhões desportivos, a recuperação do Teatro Sá da Bandeira, são apenas alguns exemplos. A minha vida foi sempre andar no terreno. Deixei a função pública definitivamente em 2009 para montar a minha empresa de projectos e consultadoria. Um dia num jogo de veteranos apareceu o então presidente da Associação de Futebol de Santarém que me convidou a fazer parte dos corpos gerentes. Aceitei e fui vogal. Assumi a presidência em Dezembro de 2011. As minhas funções passam por coordenar uma fantástica equipa de colegas de direcção que proporcionam uma aposta, bem conseguida, naquilo que estamos a desenvolver. Passo muitas horas por dia na associação e noites a representar a instituição. Temos uma equipa com tarefas bem definidas, não só ao nível da direcção mas ao nível de todos os órgãos sociais. Temos sete mil atletas e 160 árbitros em actividade permanente, todas as semanas. Fui avô de uma menina que nasceu em Lisboa há um mês e meio. Tenho duas filhas. Em termos familiares tenho a sorte de ter pessoas que compreendem esta minha entrega ao associativismo mas sei que não é agradável para eles esta minha entrega. Como diz alguém que me é próximo, quando tenho menos que fazer fico nervoso (risos). Quando se gosta daquilo que se faz é uma chatice não fazer nada. O nosso percurso de vida tem que ser feito degrau a degrau e de uma forma sustentada mas temos que ir fazendo o que nos dá gosto. Não tenho um lema de vida. Considero que sou uma pessoa muito determinada. Gosto de ouvir, aprender com os outros, antes de formar uma decisão. Quando decido, levo a decisão até ao fim. Gosto de pensar positivo, como o povo brasileiro. Sou um adepto convicto do Benfica. Jogo futebol com amigos um dia por semana. Sou avançado. Gostava de realizar mais coisas mas acho que o meu grande objectivo passa apenas por ser feliz. A vida é para ser vivida e ser desfrutada ao máximo.Elsa Ribeiro Gonçalves
“Quando tomo uma decisão é para a levar até ao fim”

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