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“Gosto de ter uma colaboração activa na sociedade”

“Gosto de ter uma colaboração activa na sociedade”

José Pinheiro Lopes, 61 anos, advogado, Fátima

Toda a sua vida foi passada na Cova da Iria onde mora e tem o escritório de advocacia aberto há mais de 25 anos. Começou por trabalhar numa instituição que dá apoio a crianças portadoras de deficiência. Mais tarde, já era casado, decidiu ir tirar o curso de Direito. Foi presidente da assembleia municipal de Ourém e sempre teve uma grande participação na vida cívica. Homem de Fé, gosta de ler e escrever sobre o que observa, reagindo bem à novidade.

Sou filho único e tive uma educação religiosa. Estudei na Escola das Irmãs Dominicanas e, mais tarde, em Fátima. Era uma escola particular, com disciplina católica, mas muito normal. Na minha altura não existiam escolas públicas na Cova da Iria. Nasci em Assentis, Torres Novas, mas os meus pais vieram viver para Fátima quando eu tinha quatro, cinco anos. Só saí de Fátima no tempo em que fiz a tropa e quando fui para a universidade, já depois de casado e com um filho. Descobri cedo que queria ser advogado. Já conhecia alguns advogados e atraía-me o sentido de justiça. Era mais ou menos por volta dos 14, 15 anos que se escolhiam as áreas temáticas e eu escolhi logo aquelas que davam para, no futuro, optar pelo curso de Direito ou História. Gostava de Humanidades, sobretudo. Fui para a Universidade Clássica, em 1973, mas suspendi os estudos. Era um ano complicado, com muitas greves estudantis, associadas ao fim da ditadura.Comecei a trabalhar no Centro de Recuperação Infantil de Fátima (CRIF) em 1977 e fiz de tudo um pouco. Era motorista, trabalhava na aecretaria, era professor de Educação Física e, mais tarde, pertenci à direcção. Estive ligado a esta instituição durante 15 anos. Foi uma experiência enriquecedora, que me levou a ver a vida com outros olhos, mostrando-me o lado das dificuldades. Há pessoas que sofrem e que precisam dos outros ao lado delas, para terem uma vida mais condigna. Quando se tem vontade, consegue-se tudo. Já era casado e o meu filho mais velho tinha nascido quando ingressei no curso de Direito. Nunca me esqueci que queria ser advogado. Trabalhava no CRIF e dava aulas no Centro de Estudos de Fátima e ia, três vezes por semana para Lisboa, de carro, com mais dois colegas. Chegávamos à universidade às quatro e meia da tarde e saíamos de lá às onze e meia da noite para ainda regressarmos a Fátima. Terminei o curso em 1987, fiz o estágio em Ourém e abri escritório num apartamento, na Av. Beato Nuno, por cima das actuais instalações.Não tenho nenhum julgamento que considere ter sido marcante porque considero que todos são marcantes. Sou um advogado que se dedica com alma aos processos. Para mim, pequenos ou grandes, são todos iguais. É preciso competência, tempo, dedicação e coragem para ser advogado. A minha filosofia de trabalho assenta em defender os clientes de forma a ganhar e merecer a confiança de quem me procura. Trabalho muito em Direito do Urbanismo. Fui presidente da Assembleia Municipal de Ourém entre 1989 e 1991, quando era presidente da câmara o professor Mário Albuquerque. Eu era um dos elementos mais jovens da assembleia. Tinha um cargo exigente e de afirmação pessoal e política. Nunca senti problemas de liderança porque tinha a confiança e colaboração de todos. Estava tudo por fazer no país e no concelho. Sou militante do PSD desde que acabei o meu curso. Sempre exerci cargos dentro do partido. Ainda hoje sou presidente da Assembleia Distrital do PSD de Santarém. Há cerca de quatro anos recebi um transplante de fígado. Foi uma situação marcante. Devido às limitações físicas tive que mudar o escritório para o rés-do-chão do edifício e alarguei a equipa. Estive seis meses sem trabalhar mas nunca fechei. Desde 2009 que tenho outro advogado a trabalhar comigo, uma advogada estagiária e duas colaboradoras que têm o curso de Solicitadoria. Gosto de me rodear de pessoas jovens porque aprendo com elas. Quando comecei trabalhava com uma máquina de escrever. Hoje é tudo diferente. A minha filha mais nova também é advogada.Sou uma pessoa de fé e sou católico praticante. Acredito em Deus e em Nossa Senhora de Fátima. Isso ajudou-me durante a minha doença. A fé e os médicos que me trataram. Durante cinco anos fui assistido em hospitais públicos e só tenho a dizer bem. É preciso respeito pela cidade de Fátima. Não se podem afastar os peregrinos. Para além de ser um dos maiores Santuários do mundo não pudemos esquecer a forte componente económica do turismo religioso.É mais fácil encontrarem-me no escritório do que em casa. Sempre vivi perto do escritório e quando quero trabalhar venho para cá. Passo aqui muitos sábados e domingos. Cada processo requer dedicação e é necessário estar atento a todos os pormenores. A família compreende. A minha vida é trabalhar, estar em casa e as minhas actividades políticas. Tento andar muito a pé e gosto de ir ao café. Também gosto de estar com os amigos e de um bom jantar. Não tenho hobbies. Leio muitos jornais e também escrevo sobre os acontecimentos sociais que observo. Talvez um dia, estes meus registos, se forem úteis, venham a ser publicados. Gosto de viajar. Tento ser uma pessoa positiva, aprender com os erros e tentar melhorar todos os dias. Sou uma pessoa relativamente calma. Temos que retemperar as forças. Reajo bem ao imprevisto, à novidade. Quem já passou por muito, como eu, não se enerva facilmente. Elsa Ribeiro Gonçalves
“Gosto de ter uma colaboração activa na sociedade”

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