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AgroAlpiarça não paga rendas desde 2004 à câmara que é a maior accionista

AgroAlpiarça não paga rendas desde 2004 à câmara que é a maior accionista

Presidente do município diz que exigir os perto de 200 mil euros podia matar cooperativa que está a tentar recuperar o passivo

A AgroAlpiarça não paga as rendas dos terrenos que explora à Câmara de Alpiarça, que é a maior accionista da cooperativa, desde 2004. A dívida vai em perto de 200 mil euros referentes a propriedades deixadas à autarquia, na maioria deles legados de José Relvas. O presidente do município reconhece o problema mas alega que não tem feito força para cobrar as rendas para não pôr em causa a sobrevivência da cooperativa. Mário Pereira (CDU) refere, em declarações a O MIRANTE, que se a AgroAlpiarça fosse obrigada a pagar todas as rendas poderia ter de fechar. Mário Pereira justifica ainda que a cooperativa, que se dedica essencialmente à produção de vinho, vem de uma situação de um grande passivo financeiro e que exigir o pagamento das dívidas das rendas põe em causa o esforço que está a ser feito para recuperar a cooperativa. O presidente da AgroAlpiarça e vereador da câmara, João Pedro Arraiolos, confirma a situação e recorda que a cooperativa já esteve quase à beira de fechar, estando neste momento a pagar vários compromissos antigos. Por ano a câmara deveria receber um total de cerca de 20 mil euros, parte dos quais referentes aos legados, serviriam para garantir a manutenção e as obras assistenciais deixadas por José Relvas.João Pedro Arraiolos garante que nos últimos tempos a cooperativa já reduziu cerca de 200 mil euros do passivo, que se situa neste momento em cerca de 750 mil euros, sendo a câmara uma das maiores credoras a par da banca a quem falta pagar cerca de 200 mil euros de empréstimos. O presidente da AgroAlpiarça diz que estão a ser criadas condições para que logo que possível comecem a ser pagas as rendas ao município. “A cooperativa esteve quase na falência devido a uma gestão pouco cuidada até 2005/2006”, sublinha, acrescentando que esta foi alvo de penhoras e execuções de dívidas em tribunal. A AgroAlpiarça, que também tem terrenos próprios, vive sobretudo do rendimento da produção de vinho e de alguns terrenos que aluga a agricultores. Em 2005, em plena agonia financeira, o então presidente da câmara, Joaquim Rosa do Céu (PS), decidiu criar a empresa municipal, a Patudos - Investimentos Agrícolas E.M. com “carácter de urgência” para viabilizar economicamente a cooperativa. Mas a empresa não chegou a ter qualquer actividade e foi encerrada em 2011 pelo executivo da CDU que continua a gerir a autarquia. A ideia que não se concretizou era que através da celebração um contrato de cessão de exploração por 12 anos, a Patudos passasse a controlar toda a actividade da cooperativa.Na altura da criação da empresa municipal o passivo da cooperativa situava-se próximo de 1,5 milhões de euros, mais cerca de 400 mil euros que em 2001. Em 2006, a AgroAlpiarça chegou a ter terrenos penhorados e foi necessário a câmara injectar perto de 20 mil euros para evitar que quatro propriedades fossem a leilão. Recorde-se que em 2010, quando foi escolhido para gerir a AgroAlpiarça, Mário Peixinho (já falecido),mostrou-se agastado com a situação financeira da cooperativa. Numa assembleia municipal contou que “em 1998, a AgroAlpiarça devia cerca de 150 mil euros à banca”, questionando como era possível que em 12 anos ficasse “à beira do abismo”. Apesar de a câmara deter mais de 90 por cento da cooperativa, só tem direito a um voto em pé de igualdade com os restantes pequenos cooperantes.
AgroAlpiarça não paga rendas desde 2004 à câmara que é a maior accionista

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