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A discutível nova estatuária em Santarém

Ao ler no vosso jornal de 24 de Dezembro de 2014 da construção de um memorial aos combatentes da guerra colonial, apraz-me escrever, como cidadão que nasceu nesta cidade de Santarém e sempre procurou, a diversos níveis, defendê-la na preservação da sua identidade histórico-cultural.Não posso deixar de me preocupar e entristecer ao constatar, quanto, ainda hoje, se permite construir/destruir património através de uma falsa modernidade com que se procura embelezar a cidade ou recordar factos históricos.Quando hoje leio o projecto de homenagear, com a concretização de um memorial, os ex-combatentes da guerra colonial, ideia com a qual obviamente concordo, não posso porém ficar insensível à referida proposta.Concordo com o memorial mas, por favor! Procurar implantá-lo na zona residencial de S. Bento, única planificação urbanística qualificada do Séc. XX que a cidade possui, através de um memorial-muralha que um soldado com espingarda apontada procura saltar, parece-me não só esteticamente inaceitável, pela destruição urbanística que comporta, como pela filosofia implícita.Recordar os mortos, sim, mas numa leitura de esperança, de que a morte valeu a pena, já que essa dor ajudou a precipitar a alvorada da liberdade democrática – mensagem essa positiva e dinâmica, para todos aqueles que a olhem independentemente de serem ou não jovens!Também tive conhecimento de, mais uma vez, se procurar mudar a localização da estátua de Salgueiro Maia, o que me parece inadequado, já que o local actual possui historicamente a força do seu arranque sobre Lisboa, como a vitória do seu regresso a Santarém. Faz todo o sentido de aí estar e, ainda mais, quando a envolvência diminui um pouco todo o conjunto escultórico, de má qualidade, o qual só viria ainda a sobressair mais, se transferido para a Alameda da Liberdade. Aí, perder-se-ia e diluir-se-ia com outros tempos históricos, perdendo a força simbólica da sua colocação no ponto de partida e de chegada de uma revolução florida!Que anteriores autarquias não tenham compreendido a evolução urbanística da cidade e que, desde o Séc. XIX ela tenha sido selvaticamente destruída, é lamentável. Mas os actuais poderes antes de precipitadas decisões devem ouvir cidadãos que amam a cidade, pois as “obras de arte” também podem ser destrutivas, tanto pedagogicamente como ao olhar do cidadão comum! Este não deseja ser visto como o “abominável homem da rua”!Pedro Canavarro

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