Num processo surreal, que vai continuar em tribunal, O MIRANTE escapou, em 2014, ao pagamento de uma sanção pecuniária compulsória de vários milhões de euros, requerida no âmbito de uma providência cautelar. Este assunto um dia vai ser contado aos leitores de O MIRANTE mas será no final de todo o processo.Interessa-nos falar disso para um balanço do ano que agora acaba. 2014 não foi só o ano da falência do BES e da prisão de José Sócrates. Foi o ano da prescrição dos processos contra Jardim Gonçalves, o banqueiro mais prestigiado do país. Ir a julgamento em Portugal já é apenas um problema para quem comete pequenas infracções. Quanto mais complexo é o caso maiores são as possibilidades de nada acontecer. O caso Jardim Gonçalves é uma vergonha para Portugal face às instâncias internacionais. Fosse ele jornalista e tivesse denunciado, sem cuidados, a acção de um burlão, estaria na cadeia enquanto o burlão andaria por aí a gozar o produto da burla. Não podemos ter vergonha de sermos portugueses mas podemos ter vergonha da Justiça que não actua nem denuncia aqueles que eventualmente boicotam a sua acção. Merecemos em 2015 uma República ao serviço do povo e não dos ricos, políticos, banqueiros espertos e donos disto tudo. JAE