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Danças de salão levam longe o nome de Vila Franca de Xira

Danças de salão levam longe o nome de Vila Franca de Xira

São 12 os pares que competem pelo Ateneu Artístico Vilafranquense nas competições nacionais e internacionais de danças de salão. As medalhas e taças somam e seguem ano após ano.

O cenário repete-se às segundas, quartas e quintas-feiras à noite, entre as 20h30 e as 22h30, no Ateneu Artístico Vilafranquense (AAV). Num vasto salão, à média luz, diversos pares dançam ao som dos mais variados ritmos, enquanto os professores lhes impõem a postura e posições mais correctas. São os alunos das danças de salão da colectividade que treinam para as competições que não tardam em chegar.Enquanto modalidade federada, as danças de salão do AAV têm conseguido resultados bastante apetecíveis tanto em Portugal como no estrangeiro. Foi o que se viu no final de 2014 quando o par formado por Susana Sousa, 39 anos, e Sérgio Ferreira, 40 anos, trouxeram para a colectividade a Taça de Portugal ao tornarem-se Campeões Nacionais de Dança no escalão Seniores I (ver caixa).É visível o brilho de felicidade nos rostos, por emanarem tamanho gosto e orgulho pelo que fazem. Foi isso que O MIRANTE sentiu ao falar com os cinco pares que mais se destacaram, por escalão, nas competições nacionais de 2014, num total de 12 pares que o AAV apresenta em competição.João Guterres e Mariana Carmo começaram a dançar juntos há cinco anos, altura em que ambos se iniciaram nesta modalidade. Tudo começou por acaso, mas o bichinho da dança já lá morava e é da dança que querem fazer vida, enquanto atletas, professores e jurados. Em Dezembro último foram a Barcelona e saíram de lá “bastante satisfeitos” ao tornarem-se no melhor par português do escalão Juventude Open de 16/18 anos.Já João Azevedo, 14 anos, e Catarina Cera, 15 anos, não começaram a dançar no AAV, mas depressa decidiram ingressar na escola de Vila Franca de Xira “pela qualidade de professores, direcção e pelo bom convívio entre colegas”. Nas provas de 2014, competiram pelo escalão Júnior II, e ficaram em segundo lugar tanto no ranking como na Taça de Portugal, tendo ficado ainda em terceiro lugar no campeonato internacional de Barcelona.A dançar desde os seis anos de idade, Kateryna Berezhma, agora com 11, forma par com Rúben Pedro, de 10 anos. Andam ambos na mesma turma, na Escola Vasco Moniz, em Vila Franca de Xira, e Rúben, embora não seja o primeiro par de Kateryna, dado que já teve outros dois, é aquele com quem tem chegado aos melhores resultados, tendo alcançando o lugar de vice-campeões no escalão Juvenis II.O mais novo par da escola é formado por Ekatarina Lacteonova, de seis anos, e Tomás Baptista, de sete anos. Dançam há apenas um ano mas já ganharam diversas medalhas e troféus, e são vice-campeões no escalão de Juvenis 1. Tomás é o bom exemplo de como “filho de peixe sabe nadar”, dado que é filho dos professores de danças de salão da colectividade, Armando Baptista e Sílvia Carvalho.Todos admitem que conciliar a dança com as aulas não é fácil, devido à elevada carga horária de ambas as actividades e por estarem quase todos os fins-de-semana em competições, mas como alguns disseram “quem corre por gosto não cansa”. Eunice Chaparro é desde o ano passado a directora de toda a área de dança do AAV, embora já desenvolvesse as funções de responsável da dança desportiva da casa há mais de 13 anos. A também funcionária pública garante que esta não é uma modalidade barata porque têm que ser os pais a suportarem as deslocações para as competições, assim como os elevados montantes a serem gastos com as roupas e calçado. “Um par de sapatos nunca custa menos de 50 euros e os fatos de competição ficam entre os 500 a 3 mil euros, para que possam ser elegantes e vistosos. Como costumo dizer contamos apenas com «paitrocínios», caso contrário nem seria possível sairmos da porta para fora”, explicou a dirigente. Sempre que é necessário fazem peditórios e eventos para angariação de mais algum dinheiro. Para além da competição, o AAV oferece ainda as danças de salão na vertente social e são mais de 50 os alunos inscritos para terem aulas às segundas e quartas, entre as 19h00 e as 21h00, divididos por horas consoantes as idades.O preço da mensalidade para os alunos de competição é 30 euros, ao passo que os que dançam como passatempo apenas pagam 15 euros por mês. O AAV dispõe ainda de outras modalidades de dança como sevilhanas, flamenco, dança do ventre e zumba, e com extensão ao Kizomba e ao hip hop já no início da próxima Primavera.Uma paixão que começou há oito anosSusana Sousa e Sérgio Ferreira são o exemplo perfeito de como nunca é tarde de mais para se alcançar objectivos e realizar sonhos. Foi apenas há oito anos que este casal começou a dançar e são actualmente os campeões nacionais de Dança, no escalão Seniores I, pelo Ateneu Artístico Vilafranquense. Em 2012 foram também campeões nacionais de Intermédios e em 2013 alcançaram o lugar de vice-campeões no ranking e a segunda posição na Taça de Portugal.Casados e com um filho de oito anos, que já se está a iniciar nestas lides, por vontade própria, foi Susana que teve de convencer Sérgio para se inscreverem nas aulas e hoje em dia parece ser ele o mais aficionado.Para Susana, o gosto pelas danças de salão surgiu em criança e afirma “ter pena por nunca ter tido a oportunidade de frequentar aulas desde cedo”. Esta portageira de profissão diz que teve mesmo de perder quase 20 quilos para poder chegar mais longe. “Quando comecei a dançar pesava 75 quilos, mas como todas elas eram perfeitinhas percebi que teria de fazer uma dieta para poder competir. Cheguei aos 57 quilos”, revelou a dançarina. Susana trabalha por turnos e frisa que é necessário uma grande ginástica para conseguir conciliar o trabalho com os treinos e os campeonatos quinzenais. “Tenho que fazer muitas trocas, mas com gosto tudo se faz”, garante.Sérgio Ferreira afirma que ainda há muitos estereótipos e preconceitos por parte dos homens contra a dança e ele não foi excepção até ter o contacto mais directo com esta arte. “Eu estava totalmente errado e eles também o estão. Homossexuais há em todas as modalidades atléticas, não apenas na dança”, deixou presente.
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