As quatro equipas da Associação de Futebol de Santarém que militam no Campeonato Nacional de Seniores ficaram nas quatro últimas posições da tabela da Série F e o Riachense já desistiu da prova, descendo ao distrital. Mas pelo menos outra delas corre sérios riscos de descida, estando em piores condições o Ouriense, embora Fátima e Alcanenense também não estejam completamente descansados.Na primeira fase, que terminou a 18 de Janeiro, os clubes da região obtiveram a seguinte pontuação, por ordem crescente: Ouriense (5 pontos); Riachense (7); Fátima (17); Alcanenense (23). Acima na tabela ficaram Torreense (28), Eléctrico de Ponte de Sôr (29), Sertanense (31) e União de Leiria (33), que vão disputar com os clubes da região a fase de manutenção/descida, sendo retirada metade da pontuação a todas as equipas, com o arredondamento a ser feito para cima nos casos em que a pontuação deu número ímpar. Ou seja, Ouriense começa com 3 pontos, Fátima com 9 e Alcanenense com 12.A fase de manutenção/descida envolve jogos a duas voltas entre as oito equipas, começando a 15 de Fevereiro e terminando a 24 de Maio. Os dois clubes classificados nos dois últimos lugares descem automaticamente aos campeonatos distritais. O Riachense já está condenado por vontade própria e o Ouriense tem uma tarefa difícil pela frente dada a distância a que começa esta fase dos restantes competidores. O clube classificado em sexto lugar joga uma eliminatória com o sexto classificado de outra série, com o derrotado a descer aos distritais. Os restantes clubes, classificados do primeiro ao quinto lugar, mantêm-se no Campeonato Nacional de Seniores.No caso da Série F, a fase de subida vai ser disputada por Caldas e Mafra, os dois primeiros, que vão competir com os dois primeiros de outras séries da zona sul o acesso às competições profissionais.“Já não há dinheiro para loucuras”O presidente da Associação de Futebol de Santarém (AFS), Francisco Jerónimo, reconhece que a prestação das quatro equipas do distrito ficou, no cômputo geral, “aquém das expectativas” quer dos próprios clubes quer da AFS, onde estão filiados. “Apesar das dificuldades sócio-económicas que a região atravessa e que se reflecte nos clubes, acreditávamos que o desempenho pudesse ser melhor”, afirma a O MIRANTE.Recordando que na última época, na segunda fase, o Riachense protagonizou uma recuperação notável que lhe valeu evitar a despromoção ao distrital, Francisco Jerónimo admite que este ano vai ser muito difícil que duas equipas da região não desçam ao campeonato distrital. Até porque as duas equipas logo acima da linha de água são também da Associação de Futebol de Santarém.Questionado sobre se tem vindo a verificar-se uma quebra de competitividade das equipas da nossa região, Francisco Jerónimo considera que o panorama não é muito diferente do que se verifica noutras zonas do país, sobretudo no interior, em que há apostas pontuais de determinados clubes, com investimentos avultados, que depois não conseguem manter o projecto sustentável. “Basta ver que na Primeira Liga os clubes mais do interior são a Académica e o Arouca, que estão relativamente próximos do litoral”, exemplifica, acrescentando que o “projecto de sucesso” do Ouriense no futebol feminino acaba por ser uma excepção.A redução ou mesmo o corte dos apoios aos clubes por parte das autarquias é outro factor que ajuda a explicar as dificuldades competitivas que afectam os clubes da região e um pouco por todo o país. E a crise económica também os apanhou por tabela, pois as empresas passaram a apostar muito menos no desporto como veículo de promoção dos seus produtos ou serviços.“Os clubes vivem em situação tremendamente difícil e só o esforço gigantesco dos seus dirigentes vai permitindo que continuemos a ter cerca de sete mil praticantes no activo na Associação de Futebol de Santarém, entre atletas e árbitros”, diz, deixando claro que “já não há dinheiro para loucuras” e que os responsáveis dos clubes, de uma forma geral, souberam adaptar-se aos novos tempos. “Hoje pratica-se futebol no distrito com muito menos recursos. A realidade não permite loucuras e o tempo da contratação das pseudo vedetas já lá vai”, conclui.Riachense desiste por razões financeiras e desportivasO Clube Atlético Riachense, que disputava o Campeonato Nacional de Seniores, decidiu abandonar a prova, invocando razões financeiras e desportivas. Em declarações à agência Lusa, o presidente do clube de Riachos, concelho de Torres Novas, Luís Carlos Dias, confirma a desistência e explica que, mesmo mantendo a actual equipa, que disputou a primeira fase e ficou no nono e penúltimo lugar da série F, o clube iria gastar mais de 20 mil euros até final da época e dificilmente conseguiria escapar à despromoção.Nos 18 jogos da primeira fase, o Riachense venceu apenas por uma vez e empatou quatro, tendo perdido os restantes 13 encontros, com um total de 16 golos marcados e 43 sofridos. “Pensamos que, com esta equipa, resultados como os da última jornada [derrota por 7-1] iriam repetir-se, o que não iria dignificar em nada o clube, pelo que tomámos a decisão de desistir”, disse Luís Carlos Dias.O dirigente relatou que a decisão foi consensual entre os órgãos sociais e que os jogadores e equipa técnica, apesar de terem ficado tristes, também acabaram por perceber. Alguns dos atletas já rumaram mesmo a outros clubes.Com esta desistência da fase final, que tem 14 jornadas, o Atlético Riachense vai pagar uma coima de 2.550 euros e fica impedido de jogar nos campeonatos nacionais durante duas épocas. O presidente do clube, cujo mandato termina em Maio, acredita que o clube voltará a ter equipa sénior na próxima época, indo disputar o distrital de Santarém, mas diz que essa é uma decisão que caberá à próxima direcção.Fundado em 1932, o Riachense é um dos clubes mais representativos da Associação de Futebol de Santarém e era presença regular na antiga III divisão nacional. Agora, disputava o Campeonato Nacional de Seniores, terceiro escalão do futebol português, que unificou a II divisão B e a III.